O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), rechaçou nesta quarta-feira, 18, que o partido apoie o governo ao negociar com líderes do Executivo no Congresso a votação favorável a algumas matérias. Segundo ele, o que a legenda faz é apenas discutir cada projeto “sob a óptica de interesse” do Brasil.
Aécio citou o exemplo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Desvinculação de Receitas da União (DRU), a favor da qual disse que a sigla está disposta a votar, caso a administração federal mantenha em 20% a alíquota que poderá desvincular do Orçamento da União.
“Não vamos apoiar esse governo em tese alguma porque não acreditamos nesse governo. O que já estamos fazendo é discutir cada matéria sob a óptica de interesse do País”, afirmou, antes de seguir para a sessão do Congresso que analisa os vetos presidenciais. O presidente nacional do PSDB destacou que a agremiação faz oposição ao Poder Executivo “e não ao Brasil”. “Mas não contem conosco para aumento de carga tributária e qualquer outra medida que aumente o quadro recessivo no País”, acrescentou.
DRU e CPMF
No caso da DRU, Aécio afirmou que o PSDB resolveu aderir à proposta por considerá-la um instrumento “necessário” para a execução orçamentária. A defesa da alíquota de 20% feita pelo senador, contudo, contrasta com o que afirmou o líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB-PE).
Segundo o pernambucano, o PSDB aceitou apoiar a matéria, após o líder do Governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), propor aumentar o porcentual para apenas 25%, e não mais para 30% como defendia inicialmente a equipe econômica. O tucano ressaltou que o PSDB é “claramente contrário” à recriação da CPMF defendida pelo governo.
Para ele, o governo da presidente Dilma Rousseff pratica hoje um “estelionato” eleitoral, por estar “patrocinando sem qualquer constrangimento” propostas de aumento da carga tributária e de diminuição dos direitos trabalhistas as quais negava que faria durante a campanha eleitoral de 2014. Na avaliação do tucano, o Brasil não tem hoje uma presidente que governa, mas uma presidente que é conduzida por políticas nas quais não acredita.
Vetos
Na entrevista, Aécio avaliou ainda que a votação apertada dos vetos presidenciais ontem foi um “balde de água fria” no governo. O tucano avaliou que a manutenção dos vetos já era esperada. “Mas a questão essencial que é a melhoria do ambiente econômico, a recuperação da confiança para que empregos voltem a ser gerados no País, estamos longe de ver isso acontecer”, ponderou, acrescentando que o cenário macroeconômico brasileiro deve piorar no próximo ano.