Os candidatos à Presidência do Brasil, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), participaram do segundo debate deste segundo turno de eleições, nesta quinta-feira (16), promovido por SBT, UOL e Jovem Pan.

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O encontro foi marcado por uma nova onda de ataque entre os candidatos, principalmente, quando o tema era corrupção e nepotismo. O caso da Petrobras foi bastante questionado pelo ex-governador de Minas Gerais.

Por outro lado, a atual presidente retrucava afirmando que os tucanos “engavetavam os escândalos”. Já o candidato do PSDB frisava a participação de petistas em outros casos de corrupção.

Ataques

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O primeiro bloco do debate presidencial no SBT foi marcado por troca de ataques entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). O momento mais quente foi a troca de acusações entre os dois em relação a nepotismo. Dilma disse nunca ter nomeado parentes e questionou Aécio se ele já empregou familiares. Aécio respondeu com ironia sobre referência aos concursos públicos no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e lembrou que Dilma escreveu uma carta elogiando o ex-presidente. Sobre a questão de nepotismo, Aécio disse que sua irmã Andrea Neves trabalhou como voluntária no governo mineiro. “Nepotismo é proibido por lei. Ela assumiu cargo de voluntariado, que geralmente as esposas ocupam, entenda a lei”, rebateu o tucano.

Aécio citou ainda, dizendo “lamentar trazer isso para o debate”, o irmão de Dilma, Igor Rousseff, que segundo ele foi contratado pelo então prefeito de Belo Horizonte e correligionário da presidente Fernando Pimentel. “Ele não apareceu um dia para trabalhar. Essa é a nossa diferença, minha irmã trabalha muito e não recebe nada, seu irmão não trabalha e recebe muito.”

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Dilma, por sua vez, listou um tio, uma irmã, três primos e três primas empregados por Aécio em Minas, dizendo que todos esses casos não foram explicados pelo candidato do PSDB. A petista apontou que, apesar de Andrea Neves ter assumido cargo de voluntária, era responsável por verbas de comunicação do governo mineiro, e perguntou por que não foi esclarecida a acusação de favorecimento de veículos da família de Aécio. “Todo mundo sabe que ela era responsável pela destinação de verbas relativas a propaganda. Quanto vocês colocaram nas três rádios e jornal que vocês possuem?”, pressionou Dilma.

“Atendi a reivindicação histórica das empresas de radiodifusão, todas as empresas de rádio receberam as mesmas verbas no meu governo”, defendeu Aécio ao argumentar que a suposta irregularidade na destinação de verbas foi denunciada pelo PT e o Ministério Público não comprovou qualquer malfeito.

Antes desse confronto sobre nomeação de parentes, os candidatos trocaram farpas sobre escândalos de corrupção. Logo na primeira pergunta, Aécio questionou de quem é a responsabilidade no governo Dilma pelos desvios na Petrobras. Dilma repetiu a argumentação de que tudo o que é investigado no seu governo é possível por ser hoje a Polícia Federal um órgão independente, que vai “punir implacavelmente”. “O Brasil pela primeira vez vai ter combate sistemático à corrupção”, defendeu Dilma, que listou casos de denúncias ligados ao governo do PSDB e supostamente não resolvidos.

A candidata à reeleição disse estarem soltos os envolvidos nos casos da denúncia de compra de votos para aprovação da emenda da reeleição, escândalo da pasta rosa, do Sivan, do mensalão mineiro e do cartel de trens e metrô em São Paulo, esse último, apontou, sendo hoje investigado por instituições da Suíça. Aécio rebateu dizendo que esses casos foram investigados e as pessoas não foram condenadas por falta de provas. Dilma, por sua vez, disse achar “estarrecedor” que Aécio ache que essas pessoas não foram condenadas por serem inocentes. Segundo ela, isso aconteceu porque não foram i,nvestigadas.

Ao deixar o debate do SBT, Aécio afirmou que Dilma usou o encontro desta quinta-feira, 15, para falar do passado e fazer ataques pessoais mentirosos. “Não consegui entender a presidente, ela não conseguiu falar de uma proposta em relação a absolutamente nada. Não sei se mal orientada pelo seu marqueteiro ou um pouco nervosa, mas ela faz a campanha dos ataques e do passado”, disse, reforçando que “que ela mesmo sabe que os ataques pessoais feitos são totalmente irresponsáveis e infundados.”

Aécio disse que resumiria o debate entre duas posturas opostas. “Um candidato de oposição querendo falar de propostas e olhando para o futuro e a candidata de governo desesperada pelas perspectivas que se apresentam na sua frente na eleição falando do passado”, disse.

O tucano voltou a dizer que Dilma parecia querer debater com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse que ele é o candidato de 2015 e não o de 1994. “Às vezes, tive a impressão que ela me olhava e enxergava o presidente Fernando Henrique. Eu sou o candidato para governar o Brasil não em 94, mas em 2015. A impressão é que a candidata oficial quer disputar as eleições de 94 e 98 com FHC, eu quero disputar essas eleições, vencê-las e encerrar esse ciclo do governo que ai está.”

Aécio afirmou ainda que Dilma parece ter incorporado o mundo da propaganda ao não reconhecer problemas como a inflação e o controle de fronteiras. “De tanto gravar programa eleitoral ela acabou incorporando a propaganda do PT, do seu partido. Acho que ela está vivendo dentro da propaganda do PT”, afirmou.

Questionado se houve algum constrangimento quando Dilma o perguntou sobre a Lei Seca, Aécio, que no debate reconheceu não ter feito o teste do bafômetro, disse que preferia que o debate tivesse sido propositivo. “Mas não me nego a dar resposta a qualquer questão”, disse.

O candidato tucano aproveitou para criticar o fato de alguns ministros, a exemplo de Aloizio Mercadante, terem se licenciado do governo para se dedicar exclusivamente à campanha de Dilma e disse que o governo abandonou o Brasil. “É quase um transatlântico à deriva. Você não vê mais ministro trabalhando no governo, nem a própria candidata, só vê eles fazendo campanha”, disse. “É preciso de alguém que tenha autoridade para ter o controle desse transatlântico e que o leve a um porto seguro.”

Dilma Rousseff saiu sem falar com a imprensa. No fim do debate, Dilma teve uma crise de pressão baixa. Os repórteres gritaram, do cercado onde estavam, se ela estava melhor e ela respondeu apenas: “Estou ótima”.