Aécio diz que uso do aeroporto foi um ‘equívoco’

Após cerca de dez dias de desgaste diário na imprensa, o candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) optou por uma política de redução de danos e resolveu admitir, pela primeira vez, que pousou “algumas poucas vezes” no aeroporto de Cláudio, no interior de Minas Gerais. Ele vinha sendo questionado pelo uso da pista que ainda não é homologada pela Anac e por isso não poderia ser usada por aviões, apenas helicópteros.

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou que Aécio Neves, quando governador de Minas Gerais, desapropriou terras de seu tio-avô e transformou ali, com dinheiro público, uma pista de pouso de terra já existente em uma asfaltada para a aterrissagem de aviões de pequeno porte. Vinha sendo acusado de usar construir a pista para beneficiar sua família, que possui uma fazenda há seis quilômetros do local.

O mea culpa de Aécio é uma estratégia para tentar encerrar, de uma vez por todas, o assunto que vem perseguindo o candidato em todos os encontros com jornalistas, inclusive na coletiva de imprensa mais cedo, realizada na sede da Confederação Nacional de Industria e Comercio (CNI), em que ele se recusou a explicar se havia ou não aterrissado em Cláudio. A esperança agora é mudar essa agenda negativa, para que o candidato volte a discutir suas propostas e a criticar o governo federal.

Aécio destacou que “não houve nenhuma ilegalidade na construção do aeródromo” e reconheceu também de maneira inédita que “houve um equívoco” por não ter se preocupado “em examinar em que estágio o processo de homologação está”. “Este é um equívoco e eu quero reconhecer”, afirmou na tarde de hoje em seu gabinete no Senado, em entrevista para jornais. Também chamou de “erro absurdo” as chaves do lugar estarem nas mãos de “cinco ou seis pessoas” e responsabilizou o prefeito da cidade pela falta.

“Não tenho nada a esconder. Usei várias vezes (o aeroporto de Cláudio) desde a minha juventude, quando ainda era pista de terra e depois da conclusão da obra, quando eu não era mais governador, usei algumas poucas vezes (a pista) em avião da minha família, nunca oficial. Reconheço que errei em não ter me preocupado em averiguar qual era o estágio em que a homologação estava.”

O tucano minimizou o desgaste que vem sofrendo por conta do assunto, mas admitiu que “incomoda”. “Não posso acreditar que seja nada avassalador. Incomoda? Incomoda porque as coisas não estavam claras. Eu demorei (a dizer se havia ou não pousado em Cláudio) exatamente porque para mim o essencial era que a acusação grave e frontal que me foi feita ficasse esclarecida. E ela está esclarecida, não houve benefício de parente.”

Ele argumentou que ainda não havia abordado essa questão pois estava preocupado em antes esclarecer uma questão mais grave: “Até aqui evitei falar de outros questionamentos não por ter absolutamente nada a esconder, não tenho, mas porque me parecia que o essencial precisaria ser esclarecido: que a obra foi legal, foi necessária do ponto de vista econômica e não beneficiou ninguém da minha família. Ao contrário, ou não estaria o antigo proprietário questionando (o valor da indenização) na Justiça”.

Para findar definitivamente com assuntos espinhosos, se antecipou e afirmou que na década de 1980 foi inaugurado um aeroporto em Montezuma, no interior de Minas, onde o pai de Aécio, Aécio Cunha, tem uma fazenda há 40 anos. A pista foi inaugurada pelo então governador Francelino Pereira, onde pousou o tucano diz ter “pousado apenas uma vez”.

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