O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse nesta terça-feira, 14, que “não tem ciência” dos números sobre investimento publicitário do governo de Minas Gerais em rádios e um jornal que são controlados por sua família.
Ao ser questionado sobre os repasses, o candidato do PSDB demonstrou irritação e respondeu apenas que a pergunta devia ser feita ao governador de Minas – Alberto Pinto Coelho, do PP, seu aliado.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada ontem, o governo de Minas recusou-se nos últimos anos a informar sobre despesas com publicidade em três rádios e um jornal controlados pela família do candidato, que foi governador do Estado entre 2003 e 2010 e fez o sucessor, Antonio Anastasia.
“Não tenho ciência destes números, mas estimulo o governo que os dê”, disse Aécio em rápida entrevista coletiva na capital paulista. “Tem que perguntar ao governador de Minas. Não sou governador.”
Aécio afirmou que seu governo teve “a marca da transparência absoluta” na publicidade. Ele disse que, no governo, atendeu a uma reivindicação do sindicato das rádios do interior de Minas. “São mais de 300 rádios que tiveram mesmo número de inserções.”
Os repasses à rádio Arco Íris, retransmissora da Jovem Pan em Belo Horizonte, foram alvo de um inquérito civil instaurado pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público em 2012. Esse inquérito foi requisitado pelo então procurador-geral de Justiça, Alceu José Torres Marques, que posteriormente arquivou o procedimento. Em abril, Torres Marques tornou-se secretário de Meio Ambiente em Minas.
A propriedade da rádio por Aécio, a irmã Andrea Neves e a mãe, Inês Maria Neves Faria, veio a público em abril de 2011, quando o senador teve a carteira de habilitação apreendida numa blitz da Lei Seca no Rio.
Ele dirigia um Land Rover, comprado no ano anterior em nome da emissora. Aécio tornou-se sócio da Arco Íris em dezembro de 2010, quando já tinha deixado o governo. No período em que Aécio era governador, Andrea Neves integrava o Núcleo de Comunicação Social do Governo – que tratava da publicidade do Executivo.
O tucano criticou o PT, ao ser questionado sobre a derrota do PSDB em Minas, alvo da propaganda de Dilma Rousseff. “Nunca vimos tanto dinheiro usado em uma campanha como em Minas. Sobrou tanto que acabou parte dele sendo apreendida numa mala de dinheiro em um jatinho saindo de Belo Horizonte com assessores da campanha do PT”, disse, se referindo à apreensão no início do mês de R$ 116 mil em uma aeronave em que estavam um empresário ligado ao PT e um ex-assessor da campanha de Fernando Pimentel (PT), governador eleito.