Aécio critica Alckmin. E Serra ignora

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), fez um alerta ontem pela unidade do PSDB na escolha do nome do candidato à Presidência da República nas eleições de outubro e uma crítica indireta à decisão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de antecipar o anúncio de sua desincompatibilização do cargo até o fim de março. "Com pouco tempo de vida, o partido (PSDB) tem larga experiência no exercício do poder e não podemos nos dar ao luxo de ter rompantes de individualismo", declarou Aécio.

São Paulo – Aécio Neves repetiu as declarações dadas anteontem em Minas Gerais, de que as lideranças tucanas devem estar preparadas para disputar a eleição presidencial, mas devem, sobretudo, estar preparadas para abrir mão da indicação em nome de quem tenha mais viabilidade eleitoral. Mesmo com a temperatura interna do partido em alta, o governador mineiro confia que o PSDB caminhará unido na campanha.

"Muitos apostam na divisão do partido. Isso não ocorrerá, para desalento ou desencanto dos nosso adversários. Em março, o PSDB estará apresentando um só nome para disputar as eleições presidenciais, com o apoio de todo o partido." O governador disse ainda que o partido se reunirá em março para decidir quem será o candidato, e que o encontro terá como base os resultados de pesquisas encomendadas e a opinião das bancadas na Câmara, no Senado e dos diretórios.

Aécio reforçou o discurso pela unidade fazendo uma crítica a decisões passadas que dividiram o PSDB. "O projeto do partido estará sempre acima dos projetos individuais. Quando isso não ocorreu, o partido perdeu as eleições."

Sem pressão

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), pré-candidato a presidente, disse ontem que não se sente pressionado pela decisão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de firmar desde já a pré-candidatura a presidente e anunciar que deixará o cargo em março para disputar a eleição. Apesar de ter evitado por diversas vezes abordar o assunto, Serra afirmou que este é um direito de Alckmin, mas que não tinha mais nada a acrescentar sobre o tema. "Não me sinto nem me sentirei pressionado. Não vejo como pressão o que o Alckmin falou", afirmou o prefeito de São Paulo, ao entregar a primeira etapa das obras de restauração do Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul da capital paulista.

"É um direito e não tenho nada a acrescentar a este respeito." Serra disse, claramente, que não se aprofundaria sobre o assunto, mas ressaltou que não achou precipitada a atitude do governador de São Paulo. "Eu não vou falar muito disso; só queria dizer o seguinte: do meu ângulo, não há nada para eu me manifestar neste momento. Se eu tiver alguma coisa para dizer, eu chamo a imprensa e digo."

Já o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato a presidente, afirmou ontem que deseja que a cúpula do partido promova reuniões com os todos os pré-candidatos para que cada um apresente as propostas de governo e, só depois, esses líderes definam quem encabeçará a chapa majoritária da legenda na eleição deste ano.

Favorável à definição do nome pelo colégio eleitoral tucano, Alckmin entende que, ao expor as idéias, cada pré-candidato poderá colaborar com a composição de um programa de governo único da legenda. "Quero expor minhas idéias e discutir questões substantivas", declarou, após participar do encontro do Fórum dos Secretários Estaduais de Transportes. "A questão fiscal está no centro dos problemas. Por que o Brasil não cresce mais? A carga tributária pesada, os juros maiores do mundo, um governo atual de improvisação e que não tem reformas estruturantes barram o nosso crescimento", afirmou.

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