O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), inaugura nesta sexta-feira, 28, uma ofensiva no Nordeste para usar aliados do governo Dilma Rousseff em conflito com o PT e ganhar votos em uma região historicamente resistente ao partido. O tucano vai participar da convenção do PSDB no Piauí e marcará presença nas tradicionais festas de São João de Campina Grande, na Paraíba, e de Caruaru, no agreste pernambucano. O périplo de Aécio tem por objetivo fechar na última hora palanques estaduais na região a fim de diminuir a vantagem que os candidatos do PT têm obtido desde a eleição de Lula, em 2002.
A estratégia de avançar sobre o Nordeste tem sido costurada pessoalmente pelo tucano desde que assumiu o controle do PSDB, em maio do ano passado. A avaliação feita pela cúpula de campanha é que o PSDB precisa diminuir a distância com os petistas nos estados nordestinos, que garantiram a Dilma 90% da vantagem sobre o então oponente José Serra (PSDB), no segundo turno de 2010. As nove unidades da federação no Nordeste representam o segundo maior colégio eleitoral do País, com um quarto do eleitorado nacional.
As costuras na reta final ocorrem no momento em que a presidente tenta conter rebeliões em partidos aliados, com concessões e promessas de cargos, para garantir praticamente metade de todo o tempo de rádio e TV na campanha. Aécio busca compensar a desvantagem de ter apenas um terço da exposição da adversária no horário eleitoral com palanques regionais fortes, inclusive com o apoio de antigos aliados de Dilma contrariados com o PT.
O PSDB deve lançar candidaturas próprias em apenas dois Estados. Na Paraíba, o senador Cássio Cunha Lima espera conquistar o governo estadual mais uma vez e, em Alagoas, o partido, até o momento, se fia no poder da máquina para eleger Eduardo Tavares, ex-secretário do atual governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).
Entretanto, as principais apostas do tucano na região ocorrem em palanques comandados por partidos aliados de Dilma nacionalmente. A coordenação da campanha tucana contabiliza apoios em estados expressivos eleitoralmente como Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí.
Bahia, Ceará e Maranhão
Na Bahia, maior colégio eleitoral nordestino, uma frente de 18 partidos deve dar um sólido palanque a Aécio Neves. A chapa deve ser formada por Paulo Souto (DEM), o tucano Joaci Góes na vice e o ex-ministro de Lula Geddel Vieira Lima (PMDB) como candidato ao Senado. Embora em 2010 a Bahia tenha garantido à Dilma sua maior liderança no segundo turno – foram 2,7 milhões de votos a mais do que recebeu Serra – o afastamento peemedebista, maior aliado no quadro nacional, preocupa a cúpula petista.
O quadro se repete no Ceará, terceiro maior eleitorado da região, em que o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, se aliou aos tucanos. A vaga de vice está reservada ao PSDB ou ao DEM. O peemedebista, líder nas pesquisas de intenção de voto, não deve dar palanque a Dilma, ocupando-se de trabalhar exclusivamente pela candidatura do tucano. O distanciamento se deu após a insistência do PT em apoiar um nome indicado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes (PROS).
Também no Maranhão um aliado do PT no plano nacional segue com Aécio. O ex-presidente da Embratur Flávio Dino (PCdoB) abrirá seu palanque para os dois adversários da presidente Dilma Rousseff: Aécio e Eduardo Campos. Os tucanos acreditam que Aécio terá fôlego no estado, uma vez que a vaga de vice de Dino deve ser do partido, com o deputado Carlos Brandão.
Diferença
Os aliados de Aécio não têm ilusão de que vão vencer na região, mas consideram fundamental evitar a diferença de 10 milhões de votos que Dilma teve no Nordeste em 2010. O coordenador do tucano na região e vice-governador de Alagoas, José Thomaz Nonô (DEM), aposta que o PT não terá mais o “passeio” que ocorreu no Nordeste teve nos pleitos anteriores. Já o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), argumenta que a vantagem petista vai ser reduzida “substancialmente”. “Na Bahia, no Ceará e no Maranhão, eles não vão repetir o desempenho”, avaliou.
Os tucanos também contabilizam uma boa votação no Nordeste do candidato do PSB, Eduardo Campos, para tirar votos de Dilma. Na região, o pessebista é atualmente o segundo na preferência do eleitorado. Em Pernambuco, estado que rendeu a presidente a segunda maior margem de votos nas eleições passadas, o PSDB fechou um acordo informal com os pessebistas e deve apoiar Paulo Câmara, apadrinhado de Campos. “O fato de votar no Eduardo também ajuda Aécio”, resume Imbassahy.