O advogado Nélio Machado, que representa o sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, disse nesta quarta-feira (9) que as instalações da Polícia Federal (PF) em São Paulo, onde o banqueiro está preso, não garantiram a privacidade no contato com seu cliente. O advogado esteve hoje durante alguns minutos com Daniel Dantas na sede da PF. Dantas foi preso na terça (8) na Operação Satiagraha, que apura desvio de recursos públicos, crime contra o sistema financeiro nacional e evasão de divisas. Também estão presos o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito da capital paulista Celso Pitta.

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"Conversei com o senhor Daniel Dantas numa espécie de parlatório separado por vidro, através de um telefone, condições muito precárias que não garantem a liberdade de comunicação entre o advogado e seu cliente", afirmou. "Inclusive, havia uma câmera que não sei qual era sua serventia naquele ambiente", disse Machado.

O advogado afirmou que o pedido de habeas-corpus preventivo para o banqueiro, feito ao Supremo Tribunal Federal (STF), pode ser julgado ainda hoje e acredita que a decisão será favorável a Dantas. "A decisão pode sair a qualquer momento. Ele tem direito de se defender em liberdade. Se a lei for aplicada, e eu não tenho dúvida de que esse é o caminho natural, não só para Dantas como para qualquer pessoa acusada de um eventual delito." O advogado afirmou que o habeas baseia-se em alguns elementos como a falta da fundamentação da prisão de Daniel Dantas e a investigação sigilosa dele por parte da PF, que ocorre desde 2007.

Machado voltou a chamar de "arbitrária e desmedida" a prisão do sócio-fundador do Grupo Opportunity. "Se o ministro do Supremo disse, com muito mais autoridade do que eu, isso dá uma dimensão clara do que tenha sido em termos de excesso a prisão não só de Daniel Dantas, mas de várias pessoas algemadas sem nenhuma necessidade", argumentou o advogado, se referindo às críticas que o presidente do STF, Gilmar Mendes, fez aos métodos utilizados pela PF em prisões como estas.

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Documentos

O advogado afirmou que ainda não teve acesso aos autos que motivaram a prisão do banqueiro. Ele disse que foi informado pela Justiça de que o acesso aos documentos só será permitido após o fim das diligências policiais.

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Machado reiterou que, se for necessário, utilizará todas as informações que tiver acesso para defender seu cliente, entre eles, documentos que constariam das negociações envolvendo Dantas e a Telecom Itália em pendências judiciais e que foram objeto de um acordo entre as duas partes. "Não tenho acesso a esses documentos ainda, mas no momento oportuno, e se for necessário, não terei dúvidas em trazê-los à baila para defender o senhor Daniel Dantas.