O empresário Adir Assad afirmou em depoimento nesta quarta-feira, 9, ter gerado R$ 370 milhões em dinheiro vivo para a Delta Construções entre 2008 e 2012, usado para a empresa fazer caixa dois. O operador, alvo da Operação Saqueador, disse que um dos destinos desses recursos foi para o pagamento de propina para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Assad afirmou que o empresário Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, mencionou que o recurso iria para Cabral em reunião realizada entre 2010 e 2011.
“Cavendish me disse que grande parte desse dinheiro ia para o governo do Estado, para o Sérgio Cabral, e que não poderia atrasar porque era muito importante”. Assad disse, no entanto, que não conversou diretamente com Cabral sobre o assunto.
O operador negou que a Delta queria o recurso em espécie para pagamento de fornecedores, como defenderam ex-funcionários da Delta em depoimentos nesta semana. “Para fornecedores nunca, era para crescer cada vez mais e ficar entre as maiores do Brasil”. Perguntado se sabia que era para propina, afirmou que subliminarmente entendia que era para isso e depois mencionou o encontro com Cavendish.
“Uma empresa só precisa de R$ 2 milhões em dinheiro para fazer um mal feito”, afirmou.
Ele afirmou ainda que o esquema era muito “endêmico porque era perfeito”. Segundo as investigações, Assad e seu sócio Marcelo Abbud eram os responsáveis por criar as empresas fantasmas que lavavam os recursos, por meio de contratos fictícios, que eram sacados em espécie, para o pagamento de propina a agentes públicos.
O acusado afirmou que esse é o momento para falar do seu esquema. Ele está na prisão há dois anos e meio. “Agora chegou a hora. O passado a gente não consegue mais mudar, só o futuro. O meu desejo hoje é esse”, disse.
Defesas
Procurada, a defesa de Cabral informou que só irá se manifestar após ter acesso ao depoimento.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a construtora Delta informou que só vai se manifestar perante a Justiça sobre as afirmações de Assad. A reportagem procurou representantes do empresário Fernando Cavendish, mas eles não se manifestaram até o fim da tarde desta quarta-feira, 9.