Na próxima terça-feira, 21, uma reunião interministerial entre representantes da Casa Civil da Presidência da República, ministério da Saúde, da Justiça e do Governo do Acre pretende elaborar uma solução definitiva para os imigrantes haitianos que utilizam o Acre para entrar no Brasil. “Em dezembro do ano passado, o Ministério da Justiça acordou com o nosso governo que o tempo máximo de permanência do imigrante em Brasileia seria de três dias. Infelizmente, o Ministério não alcançou essa meta”, cobrou o governador Tião Viana em declaração feita após audiência nesta quinta-feira no Ministério da Justiça.

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A declaração foi divulgada pela assessoria do próprio governador. “A equipe continua preocupada com a situação e dando atenção ao caso”, disse Viana. A articulação política feita pelo governador junto aos ministérios ocorre após a repercussão negativa da possível proposta do Governo do Acre ao governo federal de fechamento provisório da fronteira para trânsito dos imigrantes haitianos.

“Essa proposta é absurda e descabida”, rebateu a coordenadora de Política Externa da organização não governamental Conectas, Camila Lissa Asano. A ONG trabalha na defesa dos Direitos Humanos. A Conectas, há mais de três meses, tem aumentado a pressão junto ao ministério da Justiça para que o governo federal assuma a administração do abrigo que acolhe os haitianos em Brasileia e também amplie o espaço.

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, o abrigo só tem condições de receber 300 pessoas. Na quarta-feira, 15. havia 1,2 mil imigrantes com possibilidade de aumentar para 1,5 mil nesse fim de semana. “Não haverá comida para todos”, advertiu o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão. Ele foi um dos formuladores da proposta de fechamento provisório da fronteira. “Aquilo ali está uma tragédia anunciada”.

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“Essa postura do governo do Acre em propor o fechamento, mesmo que provisório, atenta contra a lógica de defesa dos direitos humanos”, avalia a coordenadora da ONG Conectas. “Se o Brasil diz defender uma política migratória pautada pelos direitos humanos, então, não pode fechar fronteira”.

A Conectas envia nesta sexta-feira, 17, ao ministério da Justiça e ao Gabinete da Casa Civil da Presidência da República uma carta alertando o governo federal sobre o erro e as contradições caso atenda a proposta de fechamento. O documento também pontua recomendações para solucionar o problema. A Conectas, desde o ano passado, defende a ideia de que a administração do abrigo deveria ser de responsabilidade do governo federal e não do Governo do Acre. “O descaso e a demora construíram essa situação”, afirma Camila Asano, coordenadora da ONG.

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