Começou a reacomodação pós-eleitoral. O deputado estadual Geraldo Cartário anunciou ontem sua desfiliação do PMDB. Na reunião da executiva estadual, realizada segunda-feira, 13, a direção do PMDB havia cogitado abrir um processo de expulsão de Cartário por infidelidade à candidatura do governador Roberto Requião (PMDB) à reeleição, no segundo turno da campanha eleitoral. Cartário é acusado de ter apoiado a candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do estado.
Em nota divulgada ontem, Cartário justificou que está deixando o PMDB por não encontrar espaço político na sigla. O deputado alega que pretende ser candidato a prefeito de Fazenda Rio Grande nas próximas eleições, mas este projeto está sendo prejudicado pelo atual prefeito, Antônio Wandscheer (PPS), que seria o verdadeiro dono do PMDB na cidade.
O deputado argumentou ainda que a filiação ao PMDB deu azar nestas eleições. Sua reeleição a deputado estadual está pendente de julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde recorreu contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que cassou seu registro de candidato e o declarou inelegível pelos próximos três anos. Cartário foi acusado de usar indevidamente emissoras de rádio de sua propriedade para fazer propaganda irregular de sua candidatura. O deputado foi proclamado como eleito anteontem pelo TRE por força de uma medida liminar obtida no TSE.
Na nota, o deputado diz que em 34 anos de carreira política, ainda não havia experimentado a experiência de pertencer ao mesmo partido do governador do estado. E que depois de um ano e meio no PMDB, chegou à conclusão que sempre obteve melhores resultados em partidos de oposição ao governo. ?E talvez por coincidência, nunca antes tinha passado por terrível inferno astral como este que amarguei nestas eleições, apesar dos 62 mil votos que recebi?, declarou.
Fidelidade
Quanto à acusação de traição à candidatura de Requião, Cartário nega. ?Eu o apoiei não apenas nestas eleições, mas em várias outras em que concorreu no Paraná?, afirmou. Segundo o ex-peemedebista, sua ausência na campanha do segundo turno foi ocasionada por um acidente que o obrigou a ficar em repouso. O deputado teria quebrado o pé.
Cartário relata apenas que apoiou a campanha do senador Alvaro Dias (PSDB) à reeleição. Mas justifica que foi autorizado pelo partido, que havia feito a aliança com o PSDB no início da campanha. Depois de anulada a coligação com os tucanos, o PMDB teve também indeferida a candidatura do ex-secretário Aldo Parzianello e o partido ficou sem candidato. Os peemedebistas se dividiram entre Alvaro e a candidata do PT Gleisi Hoffmann. ?Trabalhei para o Alvaro e o Requião desde o começo?, disse.
Cartário entrou no PMDB no ano passado, pouco antes do vencimento do prazo para troca de partido aos candidatos à eleição deste ano. Antes, o deputado estava filiado ao PSL. Agora, disse que já recebeu inúmeros convites, mas ainda não decidiu qual será sua próxima sigla. Cartário afirmou que somente escolhe um novo partido após a eleição da mesa executiva da Assembléia Legislativa, no dia 2 de fevereiro.
