Acusação contra PT é “terrorismo”, diz Lula

O pré-candidato do PT a presidente da Republica, Luis Inacio Lula da Silva, disse ontem que as denúncias de cobrança de propina em administrações petistas, que teriam o objetivo de arrecadar recursos para as campanhas do partido, são parte de um esquema de “terrorismo” no processo eleitoral, engendrado pelo próprio governo. “O povo brasileiro já está calejado com estas tentativas de associar o PT à corrupção em momentos de campanha eleitoral. Não será a primeira vez que estas pessoas que levantam estas leviandades irão quebrar a cara”, declarou Lula, em entrevista coletiva concedida na sede do Centro Integrado de Treinamento da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), onde passou a manhã apresentando suas propostas de governo para empresários paraenses.

À tarde, acompanhado por lideranças estaduais do partido, o candidato fez uma visita ao Grupo Paulo Pimentel. Gravou entrtevista na TV Iguaçu e conversou longamente com o ex-governador e pré-candidato do PMDB ao Senado, Paulo Pimentel. Durante a conversa, Lula falou sobre sua expectativa em relação à campanha e reafirmou os pontos principais de seu programa de governo.

Amadurecimento

O encontro havia sido agendado há mais de um mês. Lula chegou à TV Iguaçu por volta das 15h40. Bastante solícito, foi recebido por Paulo e cumprimentou a todos da mesma maneira. Bastante cansado, mas ainda disposto, o pré-candidato do PT confessou que passou a noite em claro. “Como todos os brasileiros, assisti ao jogo da seleção brasileira. E não consegui dormir mais. Acho que a emoção da vitória foi grande demais”, declarou.

Lula gravou entrevista para a TV Tarobá, de Cascavel, e depois se reuniu com Paulo. Acompanharam a visita o candidato do PT ao governo do Estado, Padre Roque, ao Senado, deputado Flávio Arns, a vereradora Clair Martins e alguns assessores. Lula falou sobre a campanha e o amadurecimento do PT, que hoje ocupa o governo em cinco Estados, prefeituras de várias capitais e inúmeros municípios com grande população. Destacou a importância dos meios de comunicação na preservação dos princípios democráticos, principalmente em períodos de campanha, e mostrou-se otimista com relação à resposta do eleitorado brasileiro às propostas petistas.”Acho que hoje o PT amadureceu muito. Tenho certeza que estamos em nosso melhor momento e temos conhecimento e capacidade para governar este País”, afirmou. Entre as principais propostas do pré-candidato, está a de aumentar o poder aquisitivo dos brasileiros. “Queremos, em quatro anos, dobrar o poder de compra de quem ganha salário mínimo”, comentou.

Paulo falou sobre sua trajetória política, desde o tempo em que foi secretário da Agricultura do Paraná, passando pelo governo do Estado e mandatos em Brasília. Confirmou também ao presidenciável sua pré-candidatura ao Senado, em dobradinha com o senador Roberto Requião, pré-candidato à sucessão estadual.

Trama

O petista também falou a Paulo sobre as acusações que foram levantadas, e disse estar convicto de que foram tramadas por adversários. “O PT aceita todas as investigações. Mas os responsáveis pelas denúncias também devem provar suas acusações”, exigiu.

O candidato do PT comentou também sobre a instabilidade do mercado, atribuída ao processo eleitoral, hoje liderado por ele. “A eleição não influi no mercado. O exemplo maior é que o Serra, nas mais recentes pesquisas, manteve a sua pontuação mas, assim mesmo, a bolsa despencou.”. Para o petista, o que aumenta o chamado “risco-Brasil” é a vulnerabilidade da economia nacional. “O Brasil não dá garantias a seus credores. E este risco Brasil pode aumentar cada vez mais se o governo não tomar consciência que a única segurança que temos é a volta do crescimento da economia. O Brasil precisa crescer. Do contrário, ficará num círculo vicioso de pegar dinheiro emprestado para pagar o dinheiro que emprestou.”

Lula disse ainda que o PT não pode fazer nada neste momento para neutralizar os especuladores. “Não podemos fazer nada. Até 31 de dezembro, o presidente é o Fernando Henrique e é ele que tem o controle da economia brasileira.”

Direção não força aliança

A direção nacional do PT não pretende forçar uma aliança entre o partido e o PL no Paraná. A rejeição dos petistas à coligação deve ser vencida com discussão e democraticamente, afirmou ontem o pré-candidato do partido à presidência da República, Luis Inácio Lula da Silva, descartando medidas mais drásticas como uma intervenção no diretório estadual . “Acho que o Paraná está maduro o suficiente para compreender que qualquer divergência é menor do que a vontade de ganhar a presidência da República. E nós nunca estivemos tão próximos de uma vitória como agora”, afirmou.

Lula comentou que está convencido de que a aliança com o PL é importante para o PT e que todos os esforços devem ser feitos para que essa composição seja consolidada nos estados. Mas admite que a direção nacional também tem que levar em consideração a decisão de um encontro estadual do partido. No sábado passado, o encontro do PT do Paraná aprovou um veto à aliança com o PL.

O candidato petista disse que uma aliança não pode ser entendida apenas como uma somatória de votos numa campanha eleitoral. “Às vezes, uma aliança vale mais pela simbologia. Para o PT, é extremamente importante ter o senador José Alencar como vice na nossa chapa. É uma aliança que sinaliza para a possibilidade de um novo contrato social no Brasil, que pode estabelecer uma nova relação na sociedade”, afirmou.

Diferenças

Lula comentou ainda sobre os problemas que o PT pode ter com seu aliado em função das diferenças ideológicas com o PL. “O PT tem uma história programática que será o norteador do nosso programa. Além disso, se uma aliança não dá certo, ela pode ser feita e desfeita. Se até um casamento, que as pessoas juram diante do altar que é indissolúvel, pode acabar em divórcio, por que uma aliança não pode ser rompida? O nosso desejo é que esta aliança perdure por todo nosso mandato. E queremos ampliá-la. O PT deseja fazer aliança com outros partidos, como com setores do PMDB”. (EC)

 

 

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