Treze anos depois, começou ontem no Acre o julgamento do “crime da motosserra”, o assassinato do mecânico Agilson Firmino dos Santos, conhecido como Baiano. Em julho de 1996, a vítima ainda viva teve os olhos perfurados, os braços, pernas e pênis amputados com uma motosserra, um prego cravado na testa e o corpo cravado por balas. O ato foi uma vingança comandada pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal pela morte de seu irmão Itamar Pascoal, segundo sustenta o Ministério Público Estadual.

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Acusado de ter comandado entre as décadas de 80 e 90 um grupo, batizado pela polícia, como “esquadrão da morte”, Hildebrando está preso há dez anos. Ontem, no banco dos réus, ele enfrentou pela primeira vez a viúva de Baiano, Evanilda Lima de Oliveira, seus filhos Emanuele e Everson, e o bispo dom Moacir Grecchi. Os quatro deram os mais contundentes depoimentos do júri popular, que deve prosseguir pelo menos até quinta-feira. Até as 18 horas, foram ouvidas 12 testemunhas (de acusação, de defesa e do juiz). Todas confirmaram, direta e indiretamente, a tese do Ministério Público de que Hildebrando, seus familiares e policiais ligados a ele empreenderam uma caçada para encontrar e executar o assassino de seu irmão.

Depoimentos

“Fomos embora do Acre 8 dias depois de matarem meu marido e meu filho de 13 anos. Não pude levar nada, só a roupa do corpo. Fomos pedir ajuda na Secretaria de Segurança e eles nos aconselharam a ir embora naquele dia mesmo e não voltar para casa nem para pegar as roupas”, relatou a viúva da vítima aos jurados. Na caçada, além de Baiano, seu filho Wilder também foi assassinado brutalmente.

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A defesa de Hildebrando tentou desqualificar os depoimentos das testemunhas, apontando contradições em suas falas e pedindo que fosse declarado falso testemunho. O grande defensor de si mesmo, porém, foi o ex-parlamentar que durante todo julgamento instruiu o advogado, entregando-lhe documentos, anotações e sugerindo perguntas.