Ao deixar nesta quarta-feira a sessão do Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse não ver como uma vitória do governo o acordo em torno do reajuste escalonado da tabela do Imposto de Renda, mas como uma “vitória de todos” e uma “vitória da negociação”. “Aquilo que é feito negociado com congresso sempre acaba tendo bons resultados. Se o governo agir sempre assim, certamente, colherá muitos resultados positivos, que não serão nem vitória nem derrota do governo, mas vitória da sociedade na medida que o poder Executivo e o poder Legislativo acabam encontrando a melhor solução pros projetos que estão em andamento”, disse a jornalistas. Ele negou que a negociação seja uma condição imposta pelo Congresso ao governo, mas um caminho de interesse para as demandas da sociedade.

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Questionado sobre possíveis mudanças na articulação política do governo, com os rumores de que Aloizio Mercadante poderia ser afastado do ministério da Casa Civil ou ter sua influência reduzida, Cunha respondeu com ironia. “Mas o Mercadante está na articulação política? Não sabia.” Pouco depois, contudo, emendou dizendo que Mercadante participa “eventualmente” da articulação e que não tem críticas ao ministro. “Isso não é demanda colocada por nós, é outro tipo de problema”, afirmou Cunha.

Gilmar Mendes

Perguntado pelos jornalistas sobre o encontro com o ministro Gilmar Mendes – do Supremo Tribunal Federal (STF) e um dos ministros que participará do julgamento da Lava Jato – Cunha negou que tenham falado do processo. O presidente da Câmara relatou ter falado com Mendes sobre três projetos de autoria do ministro que pretende levar ao colégio de líderes para serem colocados na pauta da Casa.

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Sobre o encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o senador Fernando Collor (PTB-AL), que aconteceu na sequência, Cunha também negou que tenham falado da operação Lava Jato. Cunha respondeu que Renan foi apenas lhe pedir para que a Câmara cancelasse a sessão de hoje, pois a sessão do Congresso havia se estendido. Sobre a presença de Collor na breve reunião, Cunha desconversou. “Collor estava junto com ele, nada demais.” Cunha, Collor e Renan tiveram seus nomes citados na lista que a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Supremo Tribunal Federal com os suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.