O Brasil deve se envolver em uma saia-justa diplomática amanhã, quando o grupo dos países mais industrializados e a Rússia (G-8) fechar um acordo com metas de redução das emissões de gases-estufa e cobrar a adesão de China e Índia. O acordo, que prevê a redução de 50% das emissões até 2050, é tido como o saldo positivo da “caótica” cúpula do G-8, que começa hoje na cidade italiana de L’Áquila. A cúpula deverá aproximar as posições das principais economias responsáveis pelas emissões a apenas cinco meses da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, em Copenhague.

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No ano passado, na cúpula do G-8 em Hokkaido, Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu que os países ricos deveriam convergir para um acordo sobre o tema até o encontro na Itália. A mensagem reforçou a contrariedade de Lula com o minúsculo avanço em Hokkaido, quando o G-8 limitou-se a “recomendar” a adoção do corte de 50%. Naquela ocasião, o G-5 (África do Sul, Brasil, China, Índia e México) havia insistido para que os países mais ricos se comprometessem, adicionalmente, com uma meta de transição até 2020.

Entre Hokkaido e Áquila, o governo Lula estabeleceu meta ambiciosa de redução do desmatamento da Amazônia em 70% até 2017 – essa é a principal causa das emissões de gases-estufa no País. Agora, Lula terá de se equilibrar entre o gesto do G-8 e as pressões de seus membros sobre China e Índia, países com os quais o Brasil espera construir uma frente de economias emergentes para os debates sobre a reforma dos organismos de governança global.

No início da semana, França, Reino Unido e Itália cobraram do G-5 a adoção da mesma meta de redução de 50% até 2050. Amanhã, o debate sobre o tema se dará tanto na reunião plenária do G-8 com seus principais convidados, o G-5 e o Egito, como no Foro de Grandes Economias (MEF, na sigla em inglês), que agrega os países que respondem por 80% das emissões dos gases do efeito estufa. No MEF será fechado o acordo.

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