Foto: Lindomar Cruz/Agência Brasil |
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Ministro Alfredo Nascimento: trafegabilidade às estradas. |
A Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE) criticou duramente, em nota, a operação tapa-buracos anunciada pelo governo federal para recuperar rodovias esburacadas. A entidade aponta diversos erros na ação e afirma que, apesar do decreto governamental, não se caracteriza "estado de emergências". "Não ocorreu fato grave imprevisto ou desastres naturais que exijam medidas de emergência imediatas. (…) O estado caótico das rodovias é antigo. A degradação é progressiva, decorre do abandono desse patrimônio público, há anos sem obras de conservação e restauração", diz o texto da entidade.
Os consultores de engenharia afirmam que tapar buracos não é recuperar rodovias. "Poderão (as obras) durar até as eleições, quando começa a estação chuvosa. Será falso o esperado anúncio, em meados do ano, de que "?foram recuperados tantos milhares de quilômetros de rodovias em seis meses’", afirma o texto. E prevê: "A reduzida durabilidade do tapa-buracos aponta para um multimilionário desperdício de dinheiro, já que os buracos tapados reaparecerão, e novos continuarão surgindo pela deficiência não-corrigida da rodovia há anos degradada".
Outra crítica da ABCE é sobre a falta de concorrência: "Preço por buraco não cabe, naturalmente. Variam as características de cada um. Por consumo de material é quase impossível controlar, e tenderia a desperdícios. Preço global por quilômetro resultaria em distorções, pela disparidade de situações de degradação de cada trecho".
E conclui: "Operação tapa-buracos, reedição da realizada irresponsavelmente no governo Collor, não recupera as características e segurança da rodovia, resulta em desperdício de recursos públicos pela curta durabilidade dos remendos e levanta suspeitas pelas contratações sem licitação".
O Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas começa amanhã em 25 estados brasileiros. A operação foi anunciada pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, no dia 30 de dezembro, e teve uma medida provisória publicada na semana passada, que liberou R$ 350 milhões para as obras. Somados a mais R$ 90 milhões do próprio ministério, os investimentos totalizam R$ 440 milhões.
Na Quarta-feira passada, coordenadores de 23 Unidades de Infra-estrutura Terrestre, que representam o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), estiveram em Brasília para receber as instruções finais do programa. Segundo Nascimento, o objetivo é dar trafegabilidade aos trechos mais comprometidos, seja de rodovias repassadas aos estados, seja naquelas sob a responsabilidade do ministério.
