Abandono invade universidade pernambucana da era Lula

Apenas cinco quilômetros separavam, ontem, duas cenas marcantes na vida dos pernambucanos. Numa sessão solene, na Universidade Estadual de Pernambuco (UPE), a presidente Dilma Rousseff, carregando a tiracolo o ministro da Educação, Fernando Haddad, dava uma aula inaugural no curso de Medicina ao lado de ilustres autoridades, como o governador Eduardo Campos (PSB).

Naquele mesmo momento, professores e alunos do câmpus de Garanhuns da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), anunciavam que a instituição, inaugurada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva como pioneira na interiorização do ensino superior no País, “está em coma profundo, na UTI, precisando de uma junta médica para salvá-la”.

A paisagem no câmpus era, de fato, desoladora. Esgoto a céu aberto, falta de professores e servidores, de salas de aula e laboratórios, de ônibus, de água, um hospital veterinário fantasma – e, para completar, uma aula inaugural de Agronomia dada no auditório, por falta de sala.

“É tão grande a dificuldade para entrar aqui, e ao chegar vemos que a dificuldade para sair aprendendo alguma coisa é ainda maior”, resumiu o calouro Hugo Amadeu. “Ela (Dilma) vai atender a um curso de elite e aqui falta laboratório”, emendou outro, Lucas Albuquerque. No curso de ciências agrárias “não se dispõe de um único hectare para trabalho experimental”, diz um professor.

Números

Professores, alunos e funcionários já encaminharam à Presidência um document de 26 páginas relatando os problemas no câmpus. A UFRPE tem nove construções suspensas e duas interrompidas, por problemas com as construtoras. Um mês atrás, o Estado noticiou que o de Serra Talhada foi definido pelos alunos como “museu de obras”. O diretor da unidade de Garanhuns, Marcelo Lins, reconhece os problemas mas afirma que “um enorme esforço” está sendo feito para resolvê-los. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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