O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, chamou de “mentirosa” e “puro ato de vingança” a delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ao defender a presidente Dilma Rousseff na sessão em que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decide se vai apoiar o pedido de impeachment.

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Cardozo também afirmou que a divulgação das escutas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolvendo Dilma é ilegal. “Se a Ordem apoiar o pedido contra a presidente com base nesta delação, deverá pedir, por coerência, a cassação de todos os parlamentares citados pelo senador (Delcídio). Inclusive do líder do maior partido de oposição, o senador Aécio Neves, do PSDB”, argumentou Cardozo. “Não se pode tomar como prova as palavras de um simples réu preso e dar credibilidade a falas que estarreceram a sociedade para tomar uma decisão que pode abalar o País”, alegou. Segundo ele, todos deverão ser investigados, mas não prejulgados.

A Advocacia-Geral da União (AGU) estuda as medidas que deve tomar contra a divulgação dos áudios pelo juiz Sérgio Moro, em que Dilma aparece avisando Lula que irá enviar um termo de posse como ministro da Casa Civil “em caso de necessidade”. Os dois casos ensejam o relatório do conselheiro Érick Venâncio, do Acre, para que a OAB apoie o pedido de impeachment de Dilma.

Cardozo enviou um pedido ao presidente da OAB, Claudio Lamachia, para falar em defesa de Dilma depois de saber do teor do relatório desfavorável à presidente. Ele teve 15 minutos para se pronunciar e, ao fim do tempo, pediu mais 15 minutos. A solicitação foi negada pelo presidente da OAB. “Estou seguindo ordens”, disse Lamachia.

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Alguns dos presentes protestaram: “É melhor que demos mais tempo para depois não dizerem que a OAB não garantiu o direito a defesa e cortou a palavra de um advogado”, disse um dos membros do conselho. “Apenas o governo está se manifestando, a sociedade, não”, alegou outro. A leitura do relatório da Ordem em apoio ao impeachment durou duas horas.

O relatório do conselheiro Venâncio será discutido e precisará ser votado. Depois das manifestações dos advogados, as 27 bancadas da Ordem, representando os Estados brasileiros e o Distrito Federal, deverão votar se apoiam ou não o impeachment de Dilma. As seccionais de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Amazonas e Piauí já confirmaram o apoio à cassação do mandato da presidente.

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