“A gente ajudou a eleger, tem que ajudar a governar”, disse o governador Luiz Fernando Pezão, referindo-se à presidente Dilma Rousseff, em jantar com deputados e ministros do PMDB e o vice-presidente Michel Temer, na Gávea Pequena, residência oficial do prefeito Eduardo Paes, na sexta-feira, 10. O grupo acabara de visitar obras da Olimpíada na zona oeste e no sábado esteve na região portuária. A viagem ao Rio procurou vincular o partido à gestão de Paes e reforçar a tese da candidatura própria à Presidência em 2018. Pezão apoia a estratégia, mas alerta que “o ano é 2015 e está difícil para todo mundo”.

continua após a publicidade

Aliado de Dilma, para quem fez campanha em 2014, apesar de ter recebido apoio do PSDB de Aécio Neves, Pezão diz que há muita preocupação com a crise política e econômica, mas que o PMDB tem que “jogar pela governabilidade”. “Criar instabilidade não é bom para ninguém. O PMDB é um partido grande e deve dar sustentabilidade ao governo. Isso não nos impede de ter candidatura própria em 2018, mas temos que chegar até lá”, disse ele.

Embora tenha liderado a oposição a Dilma no Rio, com o movimento Aezão, de apoio a Aécio e Pezão, o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, pai do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), também não estimula a ala do PMDB que aposta no agravamento na crise e que Dilma não completará o mandato.

“Sou contra qualquer tipo de ruptura democrática. Não gosto dessa pregação de que acabou o governo, de que a presidente vai ter de sair. Estamos vivendo uma crise muito grave e acho que o PMDB deve continuar dando condições de governabilidade”, disse ele, que cobra reação da presidente. “É responsabilidade de quem governa não deixar o País desgovernado como está hoje. O PMDB tem compromisso com a governabilidade, mas exige mudanças que permitam retomar a confiança no País. Os que são eleitores devem cumprir seus mandatos, mas precisam construir as condições da governabilidade.”

continua após a publicidade

Para o presidente do PMDB-RJ, Dilma “ganhou com um discurso e governa com outro”. Ele defende o ajuste fiscal, rejeitado pela presidente na campanha e hoje apresentado pelo governo como saída para a crise. “A oposição está jogando fora o que ajudou a construir, ao votar contra o ajuste só pela luta política”, disse ele, lembrando o voto em peso de oposicionistas no fim do fator previdenciário, criado no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

Picciani diz que os peemedebistas de outros Estados se entusiasmaram com as mudanças do Rio para as Olimpíadas. “O País só tem notícias ruins na política, na economia, na governança. Ter alguém como o prefeito Eduardo Paes, que pode mostrar obras em dia e o que ficará de legado da Olimpíada, é diferencial.”

continua após a publicidade

Presidente da Fundação Ulysses Guimarães, vinculada ao PMDB, o ex-ministro Moreira Franco diz que a visita dos peemedebistas “não tem nada de premeditado” para 2018, embora o partido esteja unido pela candidatura própria. Ele organiza congresso nacional, em outubro, para aprovar o programa de governo que o PMDB defenderá em 2018.

O partido também traçará estratégia para estimular candidaturas competitivas nas eleições municipais de 2016, nas capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes. “Temos o maior número de prefeitos, mas precisamos melhorar nas capitais. Hoje governamos o Rio e Boavista”, diz Moreira.