Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs), no Senado, o doleiro Lucas Bolonha Funaro disse que estava à disposição para esclarecer dúvidas dos senadores, mas na primeira pergunta que o relator, senador Inácio Arruda (PCdoB), fez em relação à Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop), ele afirmou que não falaria. “Nunca falei que a Bancoop cobrava nada. Até porque a Bancoop é uma pessoa jurídica. Sobre os dirigentes da Bancoop, por orientação dos meus advogados, eu me recuso a falar.”
Diante da colocação de Funaro, o senador Inácio Arruda se negou a fazer outras perguntas. Autor do requerimento que convidou Funaro a estar hoje na CPI, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) começou, então, a fazer outros questionamentos ao doleiro.
Ao tucano, Funaro disse ser mentira que tenha se encontrado com o tesoureiro do PT e ex-presidente da Bancoop, João Vaccari Neto, apenas uma vez. “É mentira dele (Vaccari) que só nos encontramos uma vez. Foram algumas vezes. O assunto tratado, por orientação dos meus advogados, vou me reservar ao direito de não falar”, disse.
Funaro afirmou que não conversou com Vaccari sobre a Bancoop nem sobre o PT. “Não tenho nada com o PT ou qualquer partido político. O que eu posso falar é que os encontros que tive com Vaccari foram sobre operações financeiras”, afirmou.
José Dirceu
Na série de depoimentos que prestou ao Ministério Público Federal (MPF) em 2005, Funaro acusou o ex-ministro José Dirceu de se beneficiar pessoalmente dos negócios fechados por fundos de pensão sob controle do PT. O jornal O Estado de S. Paulo revelou que Funaro disse ao MP que tanto Dirceu quanto o PT teriam recebido “por fora” comissões de R$ 5,5 milhões em duas operações do fundo de pensão dos servidores do setor portuário – o Portus.
Funaro acusa o partido e o ex-ministro de causarem prejuízos milionários tanto ao Portus quanto ao Petros, fundo dos funcionários da Petrobras. Em março, a revista Veja revelou que Funaro também forneceu detalhes inéditos da maneira como os petistas teriam canalizado dinheiro para o caixa clandestino do partido. Apresentou, inclusive, o nome do que pode vir a ser o 41º réu do processo que apura o mensalão, o tesoureiro João Vaccari Neto.
Em 2003, enquanto cuidava das finanças da Bancoop, João Vaccari acumulava a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, bancos e corretoras. Segundo as denúncias, no entanto, ele tocaria o negócio cobrando propina.