Para quem pensa em Ciência Política Aplicada, convém que se repita aqui o que escreveu o politicólogo e professor Jean Meynaud, no parágrafo I, da seção II, do seu livro A ciência política – Sua natureza e seu alcance, com o subtítulo, A formação do cidadão: ?Pode-se esperar, não sem algum otimismo, que a difusão dos conhecimentos adquiridos poderá ajudar o cidadão a compreender melhor os problemas em relação aos quais toma posição; e o servidor do Estado e das outras coletividades públicas, a melhor aprender a natureza e os objetivos de sua ocupação?.
Ora, os sofismas e as restrições de juízos são armas sutis, endereçadas à distorção e à confusão interesseiras da ação política adequadamente desenvolvida. Então, para que, ao menos, se diminua os efeitos anti-sociais dessas práticas inescrupulosas, necessário se torna que funcionários e eleitores disso tenham o saber. Logo, a ciência política encaminhada ao ensino cultural e técnico-profissional-acrescido de uma nota formativa -, estaria na conta da resolução dessas dificuldades.
A razão desse acréscimo programático estaria conforme os predicados de uma sociedade que pretenda se aperfeiçoar.
Os três tópicos descritos pelo cientista político Jean Meynaud, bem que poderiam inteirar os programas de ciência política dos cursos universitários, nos quais a disciplina conste no currículo mínimo, isto é, que seja obrigatória. O efeito cascata dessa providência atingiria os cidadãos eleitores, e a opinião pública estaria fortalecida nos julgamentos que lhe são inerentes. Um entendimento prático da ciência política, bem como a sua difusão pelos estudantes e egressos universitários, haveriam de, pelo menos, inibir ações capazes de transformar sofismas em leis.
Pedro Henrique Osório é professor universitário.