O procurador Regional da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, afirmou que, em 2009, as autoridades brasileiras chegaram próximo do esquema sistematizado de corrupção no governo envolvendo partidos, agentes públicos e as maiores empreiteiras do País. A Operação Castelo de Areia, anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2011, reuniu elementos de provas de propinas envolvendo investigadas da Operação Lava Jato – que nesta terça-feira, 2, deflagrou sua 33ª fase mirando a última das integrantes VIP do cartel que fatiava obras na Petrobras, a Queiroz Galvão.

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“A Castelo de Areia já era e já trazia o embrião de todos os fatos que são revelados na Operação Lava Jato”, afirmou Carlos Lima, em entrevista na sede da Polícia Federal, em Curitiba, na terça.

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Batizada de Operação Resta Um, a 33ª fase da Lava Jato apontou o envolvimento da Queiroz Galvão em um esquema profissional e sofisticado de corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-presidente da Construtora Queiroz Galvão – braço do setor do grupo – Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor Othon Zanóide Moraes foram presos preventivamente. Um terceiro executivo da Quip SA – braço naval da empresa – que está na China teve prisão temporária decretada.

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Para o Ministério Público Federal, o envolvimento da Queiroz Galvão “grandes esquemas de corrupção não é inédito”. “O histórico de envolvimento do grupo com grandes esquemas de corrupção não é inédito, já figurado nas operações Monte Carlo, Castelo de Areia e Navalha, e tendo sido as duas últimas anuladas nos tribunais superiores”, informou em nota da força-tarefa da Lava Jato.

Para Carlos Lima, a Castelo de Areia foi vítima de “um mal que comete a Justiça brasileira”. “Ela foi vítima de um mal que comete a Justiça brasileira de destruir um prédio interior por um furo no encanamento. Uma pequena nulidade, gerou a nulidade de toda operação. Infelizmente, ela não foi adiante”, afirmou o procurador.

A Lava Jato, segundo o membro mais antigo da equipe de procuradores, em Curitiba, é diferenciada em relação a Castelo de Areia. “Nós esperamos que a Lava Jato seja uma nova mudança, mas, é claro que precisamos, inclusive, mudar as nossas leis.”

A diferença seria “o nível de informação e detalhamento de provas” existentes hoje no caso Lava Jato em relação à Castelo de Areia.

Segundo o procurador da República, Diogo Castor de Mattos, a banalização das anulações de provas representa um alento para os criminosos que já tiveram participação em esquemas criminosos provados.

“Infelizmente se essas operações tivessem um mínimo de efetividade, talvez a Lava Jato nem precisasse existir” assinalou.

Defesa

Nesta terça-feira, 2, a Construtora Queiroz Galvão informou, em nota, que “a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão em algumas de suas unidades. Alguns ex-executivos e colaboradores foram alvos de medidas cautelares. A empresa está cooperando com as autoridades e franqueando acesso às informações solicitadas”.