O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, disse que o PMDB não deve precipitar o debate eleitoral, apontando nomes para disputar a sucessão presidencial antes de 2006. O partido, defendeu Rigotto, é uma alternativa real de poder e deve oferecer uma terceira via ao país, mas no momento oportuno.
A convite do governador Roberto Requião (PMDB), o governador do Rio Grande do Sul esteve ontem em Curitiba falando sobre pacto federativo na reunião do secretariado de governo. Rigotto não antecipou se irá disputar a indicação para ser o candidato do PMDB na disputa presidencial, em que outros nomes são cotados, como o governador do Paraná.
Ele afirmou que a sua definição será anunciada somente no final do ano. "Reeleição ou não será anunciada a partir de outubro. Eu tenho que fazer isso para sinalizar aos partidos que me apóiam o que vou fazer. Se faço isso, agora, desencadeio o processo eleitoral que não quero. No Rio Grande, a questão será definida no final do ano e para o PMDB, no ano que vem", afirmou.
Rigotto disse que não se deve misturar a questão eleitoral de 2006 com a crise política atual. "Se nós misturarmos, estamos fazendo o que não devemos neste momento. O ano que vem será o momento de colocar candidato na rua e de os partidos definirem suas coligações. Esse ano nós temos que trabalhar para ajudar na apuração de tudo o que foi denunciado. Nós temos que trabalhar para não permitir a contaminação da economia pela crise política", declarou.
Para o governador gaúcho, é preciso que o PMDB tenha um projeto para o país, tal como vem pregando o governador do Paraná. "O partido está pagando um preço muito alto por essa história de atrelamento a outros projetos. Isso não é de agora, é de muito tempo, que estão sendo grudados no partido os rótulos do fisiologismo e do clientelismo, pela postura de uma parte do partido que só se preocupa com os seus interesses", declarou Rigotto, que condenou a participação do partido no governo Lula.
Escândalo
Rigotto evitou comentar o envolvimento do PT nas denúncias de irregularidades de financiamento de campanha eleitoral e no esquema de pagamento de mesadas a deputados para apoiar o governo. "Não cabe a mim fazer análises do envolvimento do PT ou de qualquer outro partido. Neste momento, tem que haver é investigação de tudo o que foi denunciado", afirmou o governador gaúcho, declarando-se preocupado com o que definiu como tentativa de alguns setores de reduzir as denúncias a um problema de financiamento eleitoral. Segundo Rigotto, o que está em discussão é a relação do Executivo e Legislativo. "É a promiscuidade da relação do Executivo com o Legislativo. É o envolvimento das estatais nisso tudo, dos gastos com publicidade institucional", comentou.
Para que as apurações tenham alguma conseqüência prática, o governador gaúcho acha que o Congresso Nacional deveria trabalhar em parceria com a Corregedoria Geral da União, Polícia Federal e Ministério Público Federal. E que deveria haver apenas uma CPI em funcionamento e investigar todas as ramificações das irregularidades denunciadas. "Com várias CPIs, fica difícil focar as denúncias. Para ter apuração profunda e punição, teria que ter uma CPI. A da corrupção", afirmou.