O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou ter feito grande esforço para consolidar a idéia do Mercado Comum do Sul (Mercosul), nos últimos anos tão enfraquecido pela política leniente dos próprios componentes, quanto pela aberta má vontade oriunda dos grandes mercados mundiais.
Lula fez a declaração motivado por outra que acabara de produzir sobre o afastamento da Alca do cenário imediato das conversas entre chefes de Estado, na América Latina.
O senso de oportunismo do presidente pareceu um tanto deslocado da realidade, dado que a muitos não significa simples abstração, porquanto se preparava para receber em palácio ninguém menos que a secretária de Estado Condoleezza Rice. Na agenda da funcionária responsável pela política externa do governo norte-americano, o item grifado em vermelho não foi outro senão a retomada da firme intenção de implantar o acordo de livre comércio no subcontinente, com exceção de Cuba.
Não é recente a constatação que Lula não consegue alinhavar os comentários sobre política externa com a sobriedade desejada. No mínimo, é preciso alertar os colaboradores específicos do presidente nesse campo, e ele tem vários, para os melindres das relações internacionais, num momento de agudas transformações geopolíticas.
Na verdade, ninguém ignora que o Mercosul se transformou num interminável contencioso entre Brasil e Argentina, cujos governos só produzem o mínimo necessário para manter o mecanismo de troca de mercadorias entre ambos os países.
Portanto, não se pode falar em fortalecimento do bloco sul-americano sem ativar o tédio do interlocutor.