Policiais Federais cobram acordo firmado pelo governo

Brasília – Policiais federais podem paralisar suas atividades, caso o governo federal não cumpra o acordo negociado pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em fevereiro de 2006, e não pague a segunda parcela do reajuste salarial à época combinada.

Além de estarem em estado de greve desde o último dia 15 de fevereiro, os policiais já planejam uma paralisação para o próximo dia 28.

Nesta quinta-feira (15) à tarde, representantes dos cerca de nove mil militares distribuídos por cinco categorias (delegados, peritos, agentes, escrivães e papiloscopistas) se reuniram em Brasília, onde pretendiam ser recebidos por Thomaz Bastos.

Como o ministro estava em Maceió (AL), os manifestantes fizeram um rápido ato público, expondo, diante do edifício do Ministério da Justiça, cartazes nos quais pediam o cumprimento do acordo.

?Não vamos fazer greve agora. Esse não é o nosso intuito, mas vamos permanecer mobilizados?, disse o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Sandro Torres.

Segundo os policiais, o acordo previa um reajuste salarial de 60%, dividido em duas parcelas iguais. A primeira delas foi paga em julho de 2006.

A segunda, alegam os policiais, deveria ter sido paga em dezembro do mesmo ano, mas até agora não houve nenhuma resposta.

A reposição negociada buscava diminuir a desigualdade salarial entre a Polícia Federal, o Ministério Público e a Magistratura Federal.

Em nota, a ADPF afirma que, enquanto as outras carreiras tiveram reajustes que variaram entre 130% e 311%, os policiais federais receberam, nos últimos 12 anos, uma recomposição pouco acima de 40%.

Ao cobrar uma audiência com um representante do governo, o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Octávio Brandão, afirmou estar esperançoso de que o futuro ministro, Tarso Genro, resolva o problema sem a necessidade de novas manifestações por parte dos policiais.

Ele lembrou que, apesar de não estipular um prazo limite para o governo cumprir o acordo, a categoria permanece em estado de greve.

?Queremos que nos chamem para conversar, para definirmos uma nova data para o pagamento desta segunda parcela do reajuste. Mas temos um cronograma de ações, e todas as categorias estão alerta, aguardando para negociar o que foi prometido?.

De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Federal, a organização dos agentes e a mobilização em torno das reivindicações são legítimas. Sobre a acusação de descumprimento do acordo, a instituição não vai se manifestar.

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