Policiais da PF recebiam dinheiro para retardar investigações, diz procurador

Rio de Janeiro – A Operação Cerol, da Polícia Federal, desarticulou uma quadrilha que causava prejuízos ?inestimáveis?, segundo o procurador da República Orlando Cunha. Ao comentar a ação da PF deflagrada hoje (21) no Rio, ele afirmou tratar-se de um caso inédito no país, que envolvia pessoas da ?cúpula da Polícia Federal? no estado. ?Nunca foi desencadeada uma operação dessa envergadura?.

O procurador explicou que o esquema criminoso consistia no favorecimento em determinados inquéritos da PF, através da lentidão na condução das ações, para que não fossem concluídas dentro dos prazos legais. O objetivo era beneficiar empresários sob investigação. Em contrapartida, agentes e delegados recebiam vantagens indevidas. ?Não era só dinheiro?, afirmou, sem dar detalhes. Cunha explicou que a intermediação entre os investigados e os policiais era feita por advogados.

Para concluir a primeira fase da investigação, foram realizadas escutas telefônicas, com autorização judicial, por aproximadamente um ano. O processo foi conduzido, dentro do Ministério Público Federal (MPF), pelo Grupo de Controle Externo das Atividades Policiais, criado em 2004.

Foram realizadas 17 prisões, incluindo oito policiais. Entre os detidos, estão dois ex-superintendentes da PF no Rio, José Milton Rodrigues, que esteve no cargo entre abril de 2004 e março de 2006, e Jairo Kulman: julho de 1995 a abril 1999. O Ministério Público tem agora um prazo de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, para oferecer denúncia à 6ª Vara Federal Criminal, enquanto as prisões temporárias forem mantidas pela Justiça.

De acordo com o MPF, os envolvidos podem ter cometido crimes de formação de quadrilha, violação de sigilo funcional ? através do fornecimento de informações privilegiadas ?, prevaricação (retardar ou deixar de realizar uma atividade ligada à sua função pública em benefício de alguém), advocacia administrativa (se valer da posição pública para facilitar interesses privados) e facilitação de descaminho (viabilizar a entrada de mercadorias no país sem o pagamento dos impostos devidos).

Orlando Cunha afirmou, ainda, que os inquéritos favorecidos pelo esquema foram identificados com a captação dos áudios e devem ser redistribuídos para outras autoridades dentro da Polícia Federal, para que possam ser conduzidos dentro dos procedimentos legais.

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