Polícia vai pedir quebra de sigilo bancário de acusados no “caso ongs”

A Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas do Paraná (DEDC) vai pedir a quebra de sigilo bancário e fiscal de todos os envolvidos no caso de desvio de dinheiro das ongs Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC) e Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer (Abrapec). Além disso, o delegado Marcus Vinicius Michelotto, titular da delegacia, já indiciou 20 pessoas por envolvimento no golpe.

?Com a quebra de sigilo bancário, a Justiça poderá saber com mais precisão a quantidade de dinheiro desviado. Estimamos que o valor em imóveis pode chegar a R$ 10 milhões. A quebra de sigilo fiscal e bancário será necessária para verificarmos a progressão, ano a ano, do aumento do patrimônio dos acusados?, disse o delegado Michelotto.

Ainda ontem, dando continuidade às investigações, a polícia ouviu o casal Luiz Donizeti da Silva e Eliane Ferreira da Silva, responsável por várias filiais no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo e sócios fundadores das duas ongs. ?A princípio, tínhamos a intenção de prendê-los, mas eles colaboraram bastante com seus depoimentos e não estão atrapalhando as investigações. Mesmo assim, foram indiciados junto com os demais?, disse o delegado.

Dois peritos do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça das Fundações do Terceiro Setor já trabalham junto com os policiais na delegacia. Este órgão realizará a perícia contábil de todas as documentações apreendidas. No inquérito entregue à Justiça, o delegado Michelotto vai pedir a cassação do título de utilidade pública das duas ongs, mas, para que elas sejam definitivamente fechadas, será necessário que o Ministério Público mova ação civil pública. ?Já estamos recebendo todo o apoio do Ministério Público, que receberá o inquérito para dar continuação ao trabalho?, salientou Michelotto.

O inquérito será encaminhado ao Ministério Público na próxima segunda-feira (11). Segundo o delegado, 20 pessoas foram indiciadas, entre elas os irmãos Arnaldo e Waldemar Braz, João César Chiquetto e a tesoureira Ada de Souza Mendes, uns dos principais responsáveis pelo esquema. Os quatro permanecem presos por mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça.

Pharmako ? O esquema de desvio de recursos de doações foi desmantelado por policiais da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedec), na manhã de 23 de novembro, quando 16 acusados foram presos. A quadrilha desviou pelo menos R$ 30 milhões, em 2005, em arrecadações conseguidas através de duas organizações não-governamentais de apoio a pessoas com câncer, que funcionavam desde 2002. A operação Pharmako cumpriu também 31 mandados de busca e apreensão simultaneamente em cidades do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

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