Polícia prende seqüestradores e resgata garota em São Paulo

Sete dias depois de solucionar o seqüestro do filho de um empresário catarinense, o Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especiais), com a ajuda da delegacia Anti-Seqüestro de São Paulo, solucionou o seqüestro mais longo da história do Paraná. Após cinqüenta dias, a vítima, uma moça de 27 anos, filha de um empresário curitibano do ramo de produtos alimentícios, foi encontrada na zona leste da capital paulista, onde era mantida em cativeiro. Foram presos também três integrantes da quadrilha responsável pelo seqüestro.

?Mais uma vez realizamos um brilhante trabalho de investigação, resgatando a vítima sem pagar o dinheiro do resgate. Acompanhei pessoalmente o caso e tive contato direto com os policiais. Não tinha visto ainda uma quadrilha tão estruturada como esta, mas ao final a operação foi um sucesso?, ressaltou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.

A família recebeu a primeira ligação dos seqüestradores horas depois do desaparecimento da garota, mas não entrou em contato com a polícia. Foi um amigo quem informou o Grupo Tigre no dia seguinte. ?Por exigência dos seqüestradores, em momento algum a família procurou a polícia ou forneceu qualquer informação que pudesse auxiliar nas investigações. Mesmo assim, com as informações deste amigo, começamos a investigar o seqüestro. Um dos motivos pelos quais a investigação demorou tanto tempo foi a falta de colaboração dos familiares?, relatou o delegado chefe do Tigre, Riad Braga Farhat.

De acordo com Farhat, o seqüestro começou no dia 18 de novembro do ano passado, por volta das dez horas da manhã, quando a vítima estava no bairro Água Verde em Curitiba, a caminho de um compromisso. Três homens abordaram o veículo dela, que estava estacionado, e a renderam. Em seguida, a quadrilha levou-a, no próprio carro dela, até um determinado ponto e depois trocaram de carro. ?Nós não sabemos o ponto exato da mudança dos veículos, já que a vítima não soube nos contar. Por conta do nervosismo do momento, ela não conseguiu identificar o local da troca?, contou Farhat. Após a troca, ela foi levada para Osasco, região metropolitana da capital paulista, onde o primeiro cativeiro estava preparado pelos seqüestradores.

Com tudo planejado, a quadrilha permaneceu com a vítima quatro dias em Osasco. Logo, a moça foi levada para a favela das Malvinas, na zona leste da capital. Posteriormente, passou por mais três cativeiros, com alguns dias de permanência em cada lugar. ?Eles mantinham a moça em um determinado local por um tempo e logo mudavam para dificultar o nosso trabalho?, relatou o delegado.

Investigações 

Após vinte dias de investigações, o Grupo Tigre descobriu que o cativeiro da moça era no estado de São Paulo. Os policiais, então, dirigiram-se para lá, onde permaneceram por quase trinta dias.

Há cerca de quinze dias, descobriram que um dos mentores do seqüestro, Eduardo Maciel de Souza, 23 anos, estava no centro da cidade de São Paulo. O Tigre foi até o local e prendeu Souza, que não reagiu à prisão. ?A prisão dele foi um fator que nos auxiliou muito para encontrar o cativeiro e conseguir resgatar a moça. Foi ele quem nos forneceu as próximas pistas para encontrá-la?, disse Farhat.

Ontem (7), por volta das quatro horas da manhã, o grupo entrou no cativeiro, na favela das Malvinas, e encontrou a garota. Ela estava abatida, mas sem sinais de maus tratos. Luciano Mendes de Miranda, 29, e André Pereira Gomes, 25, que faziam a sua vigilância, foram presos sem resistência. A moça já está com a família.

A polícia ainda procura mais dez pessoas que formariam o restante da quadrilha e teriam participado do seqüestro. O Grupo Tigre apenas divulgou os primeiros nomes de alguns destes possíveis seqüestradores. Eles são conhecidos como Alexandre, Márcio, Simone, Regiane e Dari. ?Estamos divulgando as fotos de alguns deles para que, em conjunto com a polícia paulista, cheguemos até o restante da quadrilha?, afirmou Farhat.

Os três presos serão encaminhados para o Centro de Triagem de Curitiba. Os bandidos, a princípio, não fazem parte de nenhuma facção criminosa conhecida (como o Primeiro Comando da Capital – PCC). Assim como o valor do resgate, o nome da vítima não será divulgado para preservar a segurança da família.

Planejamento

Em depoimento, os três presos contaram que, de uma maneira muito organizada, a quadrilha começou a pensar no seqüestro. Três deles permaneceram em Curitiba durante três meses antes de levar a garota. Segundo Farhat, os criminosos ficaram em vários hotéis na capital. ?Acompanharam cada passo da família. Sabiam onde e como poderiam realizar a captura. A quadrilha conhecia toda rotina deles?.

Omissão 

Não bastasse todas as dificuldades das investigações durante do seqüestro, nesta semana, quando o Grupo Tigre descobriu o cativeiro e estava pronto para resgatar a vítima, o Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil de São Paulo (GOE), por meio do delegado responsável no momento, negou ajuda ao Tigre no resgate. ?Pedimos auxílio, mas infelizmente não pudemos contar com eles?, disse Farhat.

Foi então que o secretário da Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari, ligou para o comandante da Polícia Militar de São Paulo, por volta 2h30 da madrugada deste sábado, para pedir reforço. ?Apesar da inexplicável negativa do GOE da Polícia Civil de São Paulo, fomos extremamente bem atendidos pelo Grupo de Ações Táticas da PM (GATE), que colaborou com o resgate?, relatou Delazari.

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