O Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) da Polícia Civil do Paraná apresentou à imprensa, nesta segunda-feira (05), um andarilho, responsável por violentar pelo menos 30 crianças em dez Estados. Entre as vítimas, a polícia confirmou o assassinato de duas crianças e suspeita que ele tenha matado outras três.
José Airton Pontes, 49 anos, que se identificava como missionário evangélico nas cidades onde passava, foi preso pela polícia do Paraná no começo de novembro, na cidade catarinense de Pinhalzinho. Os policias chegaram até Pontes durante a investigação do assassinato de uma criança de apenas 7 anos, que foi violentada sexualmente, na cidade de Marmeleiro, Sudoeste do Paraná.
Depois de preso, ele foi encaminhado para a delegacia de Foz do Iguaçu e, em seguida, para Curitiba, onde o Sicride assumiu as investigações. ?Ele foi preso três vezes por estupro e atentado violento ao pudor e já ficou preso por 21 anos. Nos períodos que esteve solto, usava uma bicicleta cor vermelha, com garupa na frente e carregava uma viola nas costas. Ele se identificava como missionário e, desta forma, conseguia abrigo, dinheiro e comida de pastores que acreditavam nele e o acolhiam?, explicou a delegada Márcia Tavares do Santos, titular do Sicride.
CIC
O primeiro crime em que a polícia suspeitou do envolvimento de Pontes foi o de Jéssica Moraes de Oliveira, 8 anos, desaparecida em junho deste ano, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Uma testemunha viu a criança acompanhada de um homem com uma bicicleta e que se identificou como missionário evangélico.
Em depoimento aos policiais do Sicride, Pontes confessou ter estuprado e estrangulado a criança. Ele levou os policiais até o local do crime. O corpo da garota foi encontrado em Almirante Tamandaré, em uma plantação de pinus, onde foram encontrados objetos pessoais e os restos mortais da menina. O material foi encaminhado para o Instituto de Criminalística e Instituto Médico Legal para exames de DNA.
Violência
Pontes confessou à polícia que já violentou sexualmente pelo menos outras 28 crianças entre meninos e meninas em estados com São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rio de Janeiro e Rondônia.
?Pontes alega não conseguir conter seus impulsos quando está em liberdade, não sabendo explicar porque matou suas vítimas. Ele diz sofrer com as lembranças de seus atos. Como já passou por avaliações psicológicas e psiquiátricas quando esteve preso em Curitiba e Florianópolis, estamos buscando documentação para fundamentar representação por nova avaliação de sua capacidade de entendimento e determinação nos crimes?, disse a delegada Márcia.
O acusado responderá por estupro, atentado violento ao pudor e homicídio, podendo ser condenado à pena máxima de 30 anos de prisão. A polícia não informa onde ele está preso, por motivos de segurança. O Sicride quer divulgar seu nome e rosto para que mais crimes cometidos da mesma forma apareçam e sejam elucidados em outros estados.
Antecedentes
O envolvimento de Pontes com abuso sexual de crianças começou quando ele tinha quinze anos e lhe rendeu quatro condenações. Uma em Curitiba, em 1975, duas em Lages (SC), em 1988, e uma em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), em 2004. Ele cumpriu aproximadamente 21 anos de reclusão e, antes de sua prisão em Marmeleiro, era procurado pela polícia de São Paulo por descumprimento de condições impostas para sua liberdade condicional concedida pela comarca de Santa Cruz do Rio Pardo, onde estava preso com o nome de Sidnei Padilha.
Segundo a delegada, José Airton Pontes já se identificou para a polícia com diversos nomes, como Elias Generoso Batista Rocha, Sidnei Padilha e Sidney Padilha Fristch. ?Ele sempre trocava de nome quando era preso para não ser identificado como reincidente e a pena não se agravar?, explicou a delegada.