A Polícia Militar evitou uma tragédia nesta quarta-feira (22) no município de Campina Grande do Sul, quase na divisa do Paraná com São Paulo. Por cerca de três horas e meia um funcionário da Receita Estadual ameaçava tirar a própria vida. Os negociadores da Companhia de Polícia de Choque da PM conseguiram fazer com que o homem se entregasse. Por estar ferido no braço e ter perdido muito sangue, ele foi encaminhado ao Hospital Angelina Caron e em seguida para a delegacia de Campina Grande do Sul. O fato teve início por volta de 11 horas, no pátio do posto da receita na BR-116, km 5. Foram mobilizados cerca de 50 policiais militares da Rone e do 17º Batalhão (Batalhão Metropolitano).
De acordo com o tenente Luis Fernando da Silva, comandante da Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial) e responsável pela negociação, o momento mais difícil foi quando as equipes da Companhia de Polícia de Choque chegaram e ele passou a ver vários policiais, chegando a pensar que poderia ser atacado. ?A maior dificuldade geralmente quando se conversa com pessoas perturbadas é o cuidado com o que se vai falar. De repente falar, por exemplo, em família, pode reacender o trauma nessa pessoa que pode acabar gerando mais tensão e até ocasionar um suicídio. Você tem que ter um conhecimento anterior sobre o histórico dele para evitar este tipo de situação?, disse o tenente Fernando.
Fernando explicou que, com o passar do tempo, o homem percebeu que a Polícia Militar não era uma ameaça para ele e começou a se acalmar. Ele não fez exigências, disse que trazia a arma para sua segurança por entender que a polícia não lhe dava a devida segurança e explicou também que disparou contra os policiais do 17.º BPM, os primeiros a chegar ao local da crise, para mostrar que estava armado. ?Ele disse que terminaria seu turno de serviço na quinta-feira por volta de 9h30, que iria para casa ou a um hospital, entregando a arma depois. Mas não poderíamos sair do local já que aquela pessoa estava perturbada, com uma arma, já ferida e podendo ocasionar o agravamento da situação dele e ferindo outras pessoas?, explicou o negociador.
O fiscal foi ferido no braço esquerdo em troca de tiros com os policiais militares do 17º BPM. Quando atenderam ao chamado do telefone de emergência 190, os policiais foram recebidos com três tiros e revidaram. Colegas disseram que o fiscal da Receita Estadual tinha ido trabalhar com a pistola calibre 380, com dois carregadores e ainda uma quantidade de munição que ele guardava no bolso. Ainda conforme pessoas que trabalham com ele, o comportamento do homem vinha se mostrando alterado nos últimos dias. ?Ele deve ter problema com autoridade, pois foi isso que comentou durante a negociação. O que ele dizia é que ele era a autoridade ali no momento?, contou o tenente.
O homem, que seria formado em filosofia e estaria escrevendo um livro, de acordo com familiares, de uma hora para outra, depois de estar conversando com o oficial negociador por quase quatro horas, resolveu entregar a arma e se entregar. ?Pelas palavras que usa, ele tem conhecimento geral bastante amplo, apesar de não falar de forma conexa pelo fato de estar perturbado?, disse Fernando. As primeiras informações davam conta de que ele teria feito uma moça de refém, mas conforme o tenente, isso não ocorreu. Ele foi encaminhado para o hospital pela ambulância da Polícia Rodoviária Federal. Policiais militares do COE (Comandos e Operações Especiais) da Companhia de Polícia de Choque da PM também auxiliaram nos trabalhos de negociação.
