O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) indiciou a ex-funcionária da Procuradoria Geral do Estado (PGE) Jozani Prado Santos pelos crimes de peculato e formação de quadrilha. Ela e o oficial de Justiça Gilmar dos Reis Dias foram presos no sábado (15) por força de ordem judicial acusados de desviar dinheiro público. O juiz que determinou as prisões é Daniel de Avelar Ribeiro, da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba. A polícia já descobriu que em fevereiro deste ano Jozani comprou um imóvel em Curitiba no valor de R$ 85 mil. Segundo a polícia, há informações também de que ela teria comprado um veículo mas teria colocado em nome de um terceiro para não levantar suspeitas sobre o seu crescimento patrimonial. A Justiça já decretou o seqüestro de bens de Jozani além das quebras dos sigilos bancário e de informática. Jozani está sendo ouvida pela polícia nesta terça-feira.
?Existem provas conclusivas de que ela está envolvida em desvio de recursos. Também já detectamos a participação de outras doze pessoas no caso, entre elas estão oficiais de Justiça. É importante ressaltar que, por enquanto, não há indícios da participação de procuradores neste caso. Acreditamos que as acusações de Jozani contra a Procuradoria Geral do Estado sejam um artifício da defesa para desqualificar as pessoas que denunciaram o esquema?, disse o delegado Sérgio Inácio Sirino, coordenador do Nurce no Paraná que chefia as investigações.
Com autorização judicial, a polícia fez uma pesquisa no cartório de registro de imóveis e descobriu um protocolo de 22 de fevereiro deste ano, de um terreno, no Bairro Alto, no valor de R$ 85 mil. Agora, a polícia apura as movimentações bancárias para descobrir qual o valor movimentado por Jozani.
De acordo com Sirino, as investigações começaram há cerca de dois meses, com uma sindicância instaurada pela Procuradoria Geral do Estado, para apurar irregularidades no preenchimento das guias para recolhimento de honorários dos procuradores.
A PGE promoveu também uma ação na Justiça Federal de Curitiba para a quebra de sigilo bancário da ex-funcionária. Depois de constatada a autoria e a materialidade dos fatos, a PGE fez um pedido oficial para instaurar um inquérito policial, no dia 5 de junho.
Segundo o delegado Sirino, a polícia pediu a prisão de Jozani porque também há indícios de que ela estaria ocultando provas. ?Ela varia muito de versões. Um dia disse que estava no fórum e algumas pessoas esqueceram um envelope com R$ 300 mil e ela levou por engano. Outro dia contou que encontrou R$ 300 mil na rua e apenas na terceira vez ela assumiu que recebeu o dinheiro. São versões muito fantasiosas?, contou o delegado.
Golpe
De acordo com as investigações, o esquema para desviar dinheiro público se dava por meio de cobranças indevidas de honorários e também através do desvio de dinheiro pago por contribuintes que deviam impostos estaduais como ICMS e IPVA. ?Jozani seria a responsável por cobrar e receber honorários advocatícios de pessoas físicas e jurídicas que precisavam quitar suas dívidas com a Receita Estadual, relativas a ICMS e IPVA. Ela era funcionária de confiança e possivelmente abusou disso para aplicar seus golpes?, explicou o delegado. As investigações ainda apontam Gilmar dos Reis Dias como o responsável por abordar devedores para cobrar taxas indevidamente.