Sessenta indiciados por lavagem de dinheiro do crime organizado na compra de 44 postos de gasolina no ABC. Esse é o resultado do inquérito que apurou como a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) investia o dinheiro obtido com o tráfico de drogas e com grandes roubos. "É o PCC de colarinho branco", disse o delegado Ítalo Zaccaro Neto, da inteligência do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro). Os acusados alegaram inocência.

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O esquema é investigado desde os ataques do PCC em maio. Os policiais descobriram que o braço armado da facção mantinha contato com comerciantes e diretores de uma cooperativa de perueiros. Suspeita-se de que parte dos R$ 164,7 milhões furtados do Banco Central de Fortaleza, em 2005, tenha sido aplicada na compra de microônibus em São Paulo – essa investigação ainda não acabou.

Já no caso dos postos de gasolina, os policiais pediram a quebra do sigilo telefônico dos suspeitos. Descobriu-se que Wilson Roberto Cuba, o Rabugento, arrecadava o dinheiro com integrantes do PCC que seria investido em postos de gasolina. Ele mesmo pôs R$ 800 mil do próprio bolso no negócio. Era mais seguro investir do que manter o dinheiro em casa sob o risco de ser roubado.

Rabugento tinha como testa-de-ferro o comerciante Gildásio Siqueira Santos. Outro que cuidava dos postos era Felipe Jeremias dos Santos, o Felipe Alemão. A polícia tem um documento mostrando que ele foi o padrinho para que Evanilson Carlos Oliveira, o Zóio, entrasse no PCC. Ele era o sintonia (espécie de gerente) da facção no ABC e planejava a compra de duas casas noturnas onde venderia ecstasy em São Paulo.

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Os investigadores chegaram em seguida ao nome do comerciante Sidnei Garcia, vice-presidente da Associação Comercial de Mauá. Garcia foi surpreendido conversando com um advogado admitindo ser dono de postos. Quem cuidava dos aspectos legais para o grupo era o advogado Umberto de Almeida Oliveira, que aparece orientando laranjas em nome de quem estavam registrados os postos de gasolina.

Por fim, as escutas levaram o Tribunal de Justiça a investigar a suposta participação de duas juízas da cidade, que teriam favorecido integrantes do esquema em sentença. Uma delas foi flagrada em conversa com Garcia no qual o comerciante a chama de ‘my love’. "Somos amigos; não nego, mas isso era só brincadeira" disse a juíza Ida Inês Del Cid.

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