Assim como a CPI, a Polícia Federal não deve conseguir trazer grandes revelações na conclusão do inquérito que apura a operação de compra, pelo PT, do dossiê contra políticos tucanos. Depois de oitenta e oito dias de investigações, o delegado responsável pelo caso, Diógenes Curado Filho, não conseguiu identificar os fornecedores do R$ 1,75 milhão destinado à compra dos documentos. Ele entregará seu relatório no próximo dia 22 e, na falta de resultados mais palpáveis, deverá orientar suas conclusões para a hipótese de que os recursos saíram do caixa dois da campanha eleitoral petista.

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Conforme sinalizou aos integrantes da CPI dos Sanguessugas em depoimento, ele estuda enquadrar os "aloprados" envolvidos no caso em pelo menos crime eleitoral.

O delegado também estuda a hipótese de enquadramento em crime contra o sistema financeiro nacional, já que parte do dinheiro estava em dólares. Por enquanto, apenas três envolvidos foram indiciados: Gedimar Pereira Passos e os donos da casa de câmbio Vicatur, Sirley da Silva Chaves e Fernando Manoel Ribas. Gedimar que concedeu um revelador primeiro depoimento, apontando o ex-segurança do presidente Lula, Freud Godoy como envolvido, mudou suas declarações. Passou a isentar Freud e a afirmar que foi pressionado pela PF. Foi indicado por ocultação de documentos. Os dois sócios da Vicatur foram enquadrados em crime contra o sistema financeiro por terem, segundo a PF, pago a laranjas para figurarem com seus nomes em operações de câmbio.

Na PF, também é dado como certo o indiciamento dos outros "aloprados" que participaram da operação – Jorge Lorenzetti, Oswaldo Bargas e Expedito Veloso, todos integrantes do comitê de campanha do presidente Lula, e Hamilton Lacerda, integrante do comitê do senador Aloízio Mercadante (PT-SP). Os extratos telefônicos conjugados com os depoimentos e as imagens colhidas nas câmeras de TV do hotel Ibis demonstram, na opinião da PF, o claro envolvimento do grupo.

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Expectativa

A grande expectativa está em torno das conclusões que Curado reservará para Mercadante e o presidente afastado do PT, Ricardo Berzoini (SP). À CPI, o delegado sinalizou que estuda jogar a responsabilidade pelo dinheiro na equipe de Mercadante, uma vez que não tem dúvidas de que foi o ex-auxiliar do senador quem levou o R$ 1,75 milhão ao hotel Ibis. E, nesse caso, pela lei eleitoral, o senador poderia ser enquadrado como co-responsável. Já Berzoini aparece nos sigilos telefônicos conversando com Oswaldo Bargas em dias críticos da operação. Mercadante e Berzoini afirmam não ter qualquer participação no caso. Em seus depoimentos, os "aloprados" também negam o envolvimento dos dois.

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No caso da investigação dos Sanguessugas, pelo menos 12 parlamentares foram indiciados. Ao todo, 118 inquéritos foram abertos para investigar o envolvimento de deputados senadores e prefeitos nas fraudes. No caso daqueles que não tem direito a foro privilegiado, o processo andou mais rápido: uma ação judicial que corre na Justiça de Mato Grosso acusa 81 pessoas, entre ex-deputados, funcionários públicos, assessores parlamentares e ex-empregados das empresas envolvidas de vários crimes, entre eles, formação de quadrilha. Na operação da PF, 48 pessoas foram presas. Todas foram soltas.