A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira, em municípios às margens do Lago da Hidrelétrica Binacional Itaipu, no Paraná e no Mato Grosso do Sul, 21 pessoas acusadas de participar de uma quadrilha de contrabandistas. Havia ainda outros oito mandados de prisão para serem cumpridos. Em 43 mandados de busca e apreensão, os 157 agentes destacados para a Operação Ouro Negro recolheram carros, motos, armas, documentos, dinheiro e mercadorias. Entre os presos estão um policial militar e um civil, ambos do Paraná. Outro policial civil era procurado.
O objetivo inicial da operação, que começou em outubro de 2005, era o desmantelamento da quadrilha especializada em contrabando de pneus. No entanto, conforme as investigações avançavam, descobriu-se que a quadrilha atuava em outros ramos, como o de cigarros e produtos de informática, dependendo do mercado e da facilidade para o escoamento da mercadoria. Nesse período, foram apreendidas mercadorias no valor de aproximadamente R$ 2,3 milhões e realizadas várias prisões. Os envolvidos responderão por contrabando, formação de quadrilha e corrupção ativa e passiva.
De acordo com a polícia, a quadrilha aproveitava-se da vasta extensão do lago e seus vários braços, o que dificulta o patrulhamento e a descoberta dos portos clandestinos. As mercadorias eram compradas no Paraguai e vinham ao Brasil a bordo de barcos e balsas. Antes, ficavam armazenadas em propriedades de brasileiros às margens do lago, no lado paraguaio, onde se aguardava o melhor momento para a passagem. No Brasil, as mercadorias eram transportadas para depósitos, também em propriedades dos municípios que têm as águas banhadas pelo lago, em cima de caminhões.
A distribuição para os destinatários nos Estados, sobretudo Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo, também era feita em caminhões, desta vez com os produtos escondidos em fundos falsos. "Esperamos que com essa ação a gente possa pelo menos tirá-los de circulação e dificultar um novo surgimento dessa quadrilha", disse o delegado responsável pela operação, Alexander Boing Dias.
De acordo com a Polícia Federal, no cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão, policiais federais acabaram prendendo uma pessoa, em flagrante. Na casa dele havia 170 caixas de cigarro e um revólver sem registro. Os policiais federais da mesma cidade já tinham apreendido, no fim de semana, 50 caixas de cigarros em um porto clandestino no município de Pato Bragado. Surpreendidos, os contrabandistas abandonaram a mercadoria e um caminhão e fugiram para o Paraguai em duas lanchas. Em outra operação, uma pessoa foi presa em Jesuítas, acusada de contrabando, por manter 250 pneus e 40 caixas de cigarro em um depósito.