Polícia Federal prende dez em operação contra crimes financeiros

A Polícia Federal prendeu hoje 10 pessoas acusadas de crimes contra o sistema financeiro, sonegação fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros, em uma operação no Paraná, São Paulo e Rondônia. Segundo a polícia, entre os presos estão diretores da Sundown do Brasil, de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, dois advogados, dois auditores fiscais, um doleiro e um consultor financeiro de São Paulo – de acordo com a Receita Federal, ligado a uma instituição bancária americana que opera no Brasil por meio de um escritório de representação. A PF não divulgou os nomes. Calcula-se em pelo menos R$ 150 milhões o passivo fiscal.

As investigações vinham sendo desenvolvidas havia cerca de três anos pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal. "Começou com remessa grande de dinheiro pela CC-5 e posteriormente apuramos importações subfaturadas e outras modalidades que estão sendo investigadas", disse o superintendente da PF no Paraná, Jaber Saadi.

De acordo com o Ministério Público Federal, há mais sete denúncias contra a empresa. Além disso, o MPF desenvolve outras 15 investigações criminais sobre ela. Apenas em duas denúncias, o grupo, que é liderado por uma família uruguaia estabelecida no Brasil, está enquadrado em 174 condutas criminosas.

Em uma nota, a Brasil & Movimento, empresa de São Paulo detentora das marcas Sundown Bikes, Sundown Motos e Sundown Fitness, com fábrica em Manaus (AM), disse não ter qualquer vínculo com a operação da PF. Ela comprou a marca há cerca de seis anos. Tornou-se empresa de capital aberto e aguarda recuperação do mercado para realizar oferta pública de ações. São acionistas o Fundo de Investimento e Participações Tophill e a Airumã Investimentos e Participações. O superintendente da PF disse que, a princípio, não há vínculo com a fábrica de Manaus.

Segundo a Receita Federal, as investigações reuniram elementos mostrando que pelo menos nos últimos dez anos o grupo vinha cometendo atividades ilícitas. Uma das irregularidades seria a criação de empresas e posterior desativação sem que os impostos fossem pagos. "Tentaram camuflar todas as negociações que faziam", disse Saadi. Em uma nota, a Receita afirma que "inúmeros ilícitos praticados certamente renderam a este grupo expressivos ganhos à margem de qualquer controle, recursos que passaram a ser utilizados para fomentar outras atividades e investimentos do grupo familiar, principalmente no Brasil".

Ainda de acordo com a Receita Federal, para tentar ocultar ou "lavar" os recursos, o grupo Sundown valia-se de diversas empresa off-shores uruguaias. Para estabelecer a "blindagem patrimonial", o grupo acabava trazendo de volta os valores como se fossem "investimento estrangeiro" em compras de bens e atividades empresariais como venda de motos e bicicletas, artigos esportivos, de ginástica e de viagem, além do ramo de incorporações imobiliárias.

O grupo é acusado também de corrupção ativa e passiva, constituindo uma quadrilha com dois auditores da Receita Federal que seriam os responsáveis pelo subfaturamento em importações. Em Curitiba foram presas oito pessoas, outra foi detida em São Paulo e outra em Porto Velho. A polícia também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão de documentos, recolhendo inclusive várias obras de arte.

Entre os presos estão o proprietário da empresa, Isidoro Rozemblum Trosman, e dois filhos. O advogado da família, Antonio Acir Breda, disse que somente teria acesso aos autos no fim da tarde de ontem. Sem eles não poderia fazer qualquer comentário, mas adiantou que possivelmente entrará com habeas-corpus.

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