Uma megaoperação da Polícia Federal, batizada de Scan, desarticulou uma quadrilha de crackers em sete Estados que fraudava titulares de contas bancárias em diversas partes do País, a partir de Campina Grande (PB). A organização era comandada pelo estudante Emir Sanclair Leal de Melo, de 19 anos, que foi preso em João Pessoa, por volta do meio-dia de hoje (14). Segundo a PF, a maioria dos demais jovens envolvidos tem entre 16 e 21 anos.
A investigação foi iniciada em maio do ano passado, depois que a PF recebeu denúncias feitas pela Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, dando conta de que correntistas estariam sendo vítimas de golpes via internet, a partir de uma quadrilha enraizada em Campina Grande. De acordo com a PF da Paraíba, a quadrilha agia com apoio de "laranjas", que ganhavam cerca de R$ 150,00 em cada transação. Eles forneciam suas contas para receber as transferências das quantias retiradas das contas das vítimas.
O golpe era realizado a partir de spans enviados aos e-mails das vítimas, geralmente solicitando uma atualização cadastral, como se fossem dos bancos. Os e-mails continham programas que roubavam os dados dos correntistas e eram usados posteriormente para as transferências. Segundo a PF, só no ano passado a quadrilha foi responsável por fraudes que somam R$ 300 milhões, praticadas contra correntistas do BB e da Caixa na Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Paraná.
A operação contou com 330 agentes de vários Estados. Até o final da tarde a PF já tinha a confirmação do cumprimento de 49 dos 55 mandados de prisão (maiores) e apreensão (menores).
Os agentes apreenderam computadores, disquetes, CDs e outros equipamentos de informática usados na fraude; documentos, que serão objeto de exames periciais; e cinco veículos.
Em Pernambuco, o universitário Bruno Alan Moreira de Lima, de 23 anos, foi preso em casa, na zona sul do Recife. Ele seria um dos operadores do esquema e responsável pela transferência do dinheiro desviado para contas-laranjas. No Paraná, o adolescente C.E.G.F., de 17 anos, foi preso em Campo Mourão, a 460 quilômetros de Curitiba. Com ele foram encontrados computadores, celulares, um automóvel, cartões de banco, cerca de R$ 4 mil em dinheiro e um saco plástico com vários comprimidos – a polícia suspeita que sejam ecstasy.
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal garantem que os clientes não são prejudicados com a ação dos crackers presos pela Polícia Federal. Sempre que o cliente consegue provar que foi vítima de uma ação criminosa, ele é ressarcido pela instituição financeira. Os dois bancos reafirmam que não enviam e-mail aos clientes.