A Polícia e a Receita federais já prenderam 21 pessoas no Rio de Janeiro, um dos oito Estados onde está sendo realizada a Operação Dilúvio. No total são 23 mandados de prisão. Deflagrada hoje, a ação pretende desarticular uma quadrilha envolvida no maior esquema já constatado de fraudes no comércio exterior, interposição fraudulenta, sonegação, falsidade ideológica e documental, evasão de divisas, cooptação de servidores públicos, entre outros ilícitos, cometidos por um grupo empresarial estabelecido em São Paulo e com diversas ramificações.
A Polícia Federal tem apoio da Receita Federal para executar mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de Paranaguá (PR) e Itajaí (SC) em mais de 200 locais nos Estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Espírito Santo e em Miami, nos Estados Unidos. As buscas acontecem em residências dos envolvidos, empresas do esquema, principais clientes, depósitos de mercadorias, escritórios de advocacia e de despachantes e colaboradores.
A Polícia Federal cumpre também mandados de prisão envolvendo os principais responsáveis pelas fraudes e seus colaboradores diretos e indiretos. Entre os presos estão diretores e sócios de grandes distribuidoras de produtos importados que são clientes do esquema fraudulento de importação, reais beneficiários da "economia" irregular de tributos, servidores públicos federais e estaduais, entre outros.
O principal líder do grupo é um empresário paulista que morou no Paraguai e constituiu elevado patrimônio. Nos últimos dez anos, o grupo registrou dezenas de empresas importadoras, conhecidas como "tradings", além de diversas "distribuidoras" que intermediavam as operações de forma a ocultar e a "blindar" o real importador (cliente do grupo) e realizar uma expressiva redução fraudulenta de tributos. Uma das "tradings", criada no início, foi citada no relatório final da CPI da Pirataria do Congresso Nacional por envolvimento na rede de abastecimento para o esquema de Law Kim Chong.
O esquema permitiu a importação de aparelhos eletrônicos, equipamentos de informática e telecomunicações, pneus, equipamentos de ortopedia e luvas cirúrgicas, frutas, embalagens plásticas ou PET, tecidos e vestuários, pilhas e baterias, carros e motos, vitaminas e complementos alimentares, produtos de perfumaria, entre outros. Os principais clientes estão localizados nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.