A Polícia Federal foi acionada pelo Comando da Aeronáutica para ajudar a investigar se o novo apagão aéreo, ocorrido nesta terça-feira (5) na região controlada pelo Cindacta 1, foi fruto de sabotagem. Sediado em Brasília, o Cindacta 1 abrange todo o Sudeste e o Centro-Oeste do País. O novo apagão provocou tumulto nos aeroportos da área, sobretudo no da capital do País, levando a Aeronáutica a adotar esquema de alerta especial e a abrir investigação para apurar responsabilidades.
O apagão aéreo, o segundo em um mês, corre no momento em que a PF está prestes a concluir o inquérito sobre o choque entre o jato Legacy e o Boeing da Gol que matou 154 pessoas em setembro. As investigações comprovaram que a sucessão de erros cometidos por controladores de vôo das torres de São José dos Campos e de Brasília está entre as causas do acidente.
Comandadas pelo delegado Ramon Almeida da Silva, as investigações apontaram até agora a cinco fatores para o tragédia. A PF incluiu, entre esses fatores, falhas importantes dos pilotos do Legacy, os americanos Joe Lepore e Jan Paladino, que descumpriram o plano de vôo e voaram a 37 mil pés, mesma altitude em que vinha o Boeing.
Constataram também falhas no sistema de controle de tráfego aéreo do País, de responsabilidade da Aeronáutica e nos equipamentos do Legacy, sobretudo o transponder, produzido por uma empresa americana. A aeronave foi comprada pela empresa ExcelAire, dos Estados Unidos, para onde estava sendo levada no dia do acidente.
Conclusão
O inquérito será concluído no próximo dia 13 e os responsáveis pelos erros, inclusive controladores e pilotos, podem ser indiciados por crime culposo. Os pilotos estão com os passaportes apreendidos desde o dia do acidente, mas a Justiça determinou ontem que seus documentos sejam devolvidos em 72 horas.
Por causa disso, a PF decidiu antecipar para amanhã ou quinta o interrogatório dos pilotos, que se encontram num hotel do Rio. A direção da PF negociou nesta terça-feira com o Consulado dos Estados Unidos e os advogados do pilotos as condições do depoimento. Tratou também das recomendações previstas no tratado de cooperação jurídica entre Brasil e Estados Unidos. Pelo acordo, as autoridades policiais ou judiciárias brasileiras poderão ir aos Estados Unidos, sempre que a instrução do inquérito exigir, caso os pilotos sejam mesmo indiciados.
A PF colocou de prontidão uma equipe para realizar uma varredura completa nas instalações do órgão. "Estamos prontos para colaborar com a Aeronáutica", afirmou um delegado designado para atuar no caso. Não é a primeira vez que essa força armada recorre à PF para apurar episódios em instalações militares. A última vez foi na investigação da queima criminosa de documentos históricos na base aérea de Salvador, há três anos.
