A Polícia Federal está realizando uma operação pente-fino em 30 casas de câmbio e de turismo, localizadas em São Paulo, Rio, Paraná e Santa Catarina, de onde podem ter saído parte dos dólares – US$ 110 mil – destinados à compra de um dossiê contra candidatos tucanos. Esse lote, que integra o montante de R$ 1,75 milhão apreendido pela Polícia Federal, em 14 de setembro passado, em poder dos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, num hotel de São Paulo, está mais fácil de ser identificado porque as notas estão em série e seu rastreamento para trás já foi concluído.
O objetivo da operação pente-fino é descobrir quem foi o emissário do PT encarregado de reunir o dinheiro negociado com o empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da empresa Planam, pela compra do dossiê – DVD, fotos e documentos – relacionando líderes tucanos com a máfia dos sanguessugas.
O dinheiro provém de duas remessas, no montante de US$ 29 milhões, adquiridas pelo Banco Sofisa, de São Paulo, nos Estados Unidos. Essa fatia que acabou nas mãos dos petistas, passou antes por corretoras. Apesar de estar próximo de fechar o ciclo de circulação do dinheiro, a PF não tem certeza de que concluirá esse trabalho até o segundo turno das eleições, em 29 de outubro e pedirá amanhã a prorrogação do inquérito por mais 30 dias.
A PF informou que dificuldade decorre da complexidade e da balbúrdia do mercado de câmbio brasileiro. Os doleiros usam uma rede de laranjas para adquirir esses dólares das casas de câmbio que não têm poder de polícia e se limitam a anotar os dados dos compradores (identidade e CPF), geralmente falsos.
Numa das casas de câmbio fiscalizadas na operação pente-fino, foram encontrados dez clientes com operações acima de US$ 10 mil seis deles com o mesmo endereço e telefone. Da quantia total apreendida com os petistas, a parte em dólares somava 248 mil, mas US$ 138 mil não estão em notas seriadas e a identificação da origem é mais difícil ainda.
Até hoje, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) não havia identificado, entre as operações atípicas que fiscaliza, a transação de R$ 396 mil entre o investidor Naji Nahas e o petista Freud Godoy, ex-chefe de segurança e ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.