Brasília – Os controladores de vôo que trabalham no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo em Brasília (Cindacta1) devem começar a ser ouvidos segunda-feira (9) pela Polícia Federal. Na última quarta-feira (4), foi aberto inquérito para apurar as responsabilidades pelo acidente com o Boeing 737-800 da Gol, que causou a morte de 149 passageiros e de seis tripulantes. O acidente foi na sexta-feira (29).
?Vou ouvir os controladores de vôo responsáveis e colher toda prova pericial já feita pela Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] e pela Aeronáutica?, disse o delegado da PF que vai cuidar das investigações, Renato Sayão, em entrevista à Agência Brasil.
O delegado disse que começa a receber hoje (5) material sobre as investigações que estão em poder da Polícia Civil, em Cuiabá, do Ministério Público e da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso. Sayão participou hoje (5) de reunião com a Polícia Civil do estado para definir de quem é a competência das investigações.
?O trabalho da Polícia Civil é excelente. Eles tomaram todas as providências que tinham de ter tomado, mas parece que estamos chegando a um consenso que se trata de competência da Justiça Federal?, afirmou o delegado.
Sayão descartou, por enquanto, a necessidade de tomar os depoimentos do piloto e do co-piloto do jato Legacy, que teria colidido com o Boeing da Gol. ?Eles já foram ouvidos pela Polícia Civil e deram depoimento bem detalhado. Não sei se seria conveniente ouvi-los agora, de imediato?, comentou.
Apesar de descartar novo depoimento do piloto e do co-piloto do Legacy, o delegado disse que a retenção dos passaportes dos dois, determinada pela Justiça no início da semana, é fundamental para a continuação das investigações.
?Se esses pilotos saírem do país antes das investigações serem concluídas, será um prejuízo irreparável para a coleta de provas. Como vou fazer um interrogatório de uma pessoa que está nos Estados Unidos? E, caso venham a ser considerados culpados de alguma coisa, se ficar provado, como é que eles vão responder a um processo, estando no exterior?? questionou.
Renato Sayão também disse que ainda é prematuro atribuir culpa ao piloto do Legacy. Segundo ele, ainda não se pode afirmar que o piloto do jato desligou o sistema que detecta o avião no radar do Cindacta. ?Não existe nenhum documento oficial a respeito desse fato. Não existe nada que diga isso. São hipóteses apenas?, afirmou.
O inquérito tem prazo de 30 dias para ser concluído. Esse prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias.