Polícia Federal afirma ter encontrado ligações entre juíza e policial

A Polícia Federal acredita ter encontrado evidências de que a juíza Sônia Maria Garcia, da 4ª Vara de Família de São Gonçalo (RJ), teria ligações antigas com o policial civil Marco Antônio Bretas, o Marcão, preso na operação Hurricane por envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. Em 2000, a juíza atuou em processo no qual "Marcão" e outros policiais eram acusados de homicídio, no qual o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), ex-secretário de Segurança do Rio, atua como testemunha de defesa. Lins é processado atualmente por envolvimento com a organização criminosa que explora bingos, caça-níqueis e outros jogos ilegais no Estado. Por determinação judicial, o processo de Bretas foi desarquivado na quarta.

Escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça durante a Hurricane (fuçarão, em inglês), mostraram a juíza cobrando valor em dinheiro de Bretas. "Eu quero ver se pinta alguma coisa aí para chegar nos meus 10 mil faltantes", diz ela num dos trechos da gravação, para completar, na conversa seguinte, que seria "um empréstimo sem devolução". Depois de falar com a juíza, o policial procura uma pessoa chamada Francisco Joaquim, e explica o caso: "Ela (Sônia) está indócil". Um dos advogados que atuou no caso de Bretas em 2000 chama-se Francisco Joaquim da Rocha. Dias depois, a juíza cobra Marcão: "E aí? Existe alguma possibilidade de arrumar esse empréstimo? … Empréstimo sem devolução." Bretas diz que sim.

Para a PF, o crime de corrupção estaria plenamente caracterizado com esse ato de ofício. "Ou seja, num momento ela julga o policial e no outro ela é flagrada pedindo propina ao mesmo réu" disse um delegado com acesso às investigações. A polícia, no entanto, entende que ainda não é possível indiciar a juíza no inquérito da Hurricane porque o ato em que ela está envolvida por enquanto é isolado.

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