A polícia investiga a participação de Mirlei de Oliveira, conhecida como “Baronesa do Sexo”, em um esquema de clonagem de celulares. A suspeita se deve ao fato de que Mirlei estava com um aparelho celular clonado quando foi presa, no último sábado, em Santa Catarina, pelos policiais do 1.º Distrito Policial de Curitiba. Além disso, a polícia encontrou anotações que denunciam que Mirlei seria responsável pela venda de aparelhos com números duplicados. Ela é apontada como uma das maiores agenciadoras de garotas de programa do Brasil.
Na chácara em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, usada por Mirlei como local de encontro das garotas de programa com clientes, a polícia apreendeu cadernetas, com registro de dívidas de algumas mulheres que compraram celulares clonados. De acordo com as anotações, cada aparelho era vendido por R$ 200,00. Segundo o delegado Silvan Rodney Pereira, que comanda as investigações do caso, os celulares poderiam ser vendidos também para os freqüentadores da casa. “Organizações criminosas são os principais usuários de linhas clonadas, porque este tipo de comunicação não deixa rastro”, completou Pereira.
O delegado explicou ainda que os telefones clonados eram usados durante dois meses. Depois disso, era trocado por outro para que o usuário não fosse encontrado pela operadora de telefonia nem pela polícia. “Percebendo a constante demanda por novos celulares, Mirlei se transformou na fornecedora de um mercado em expansão”, disse. A polícia ainda não descobriu quem seria o responsável por sustentar a parte técnica do esquema, mas já tem o nome de um suspeito que venderia os aparelhos de telefonia celular para Mirlei.
Outras pessoas citadas nas anotações de Mirlei também estão sendo investigadas, como suspeitos de fornecer drogas para freqüentadores da chácara e garotas de programa. A polícia também está recebendo, desde a prisão de Mirlei, dezenas de denúncias do seu envolvimento e de seus clientes com roubo e desmanche ilegal de veículos. Outra suspeita apurada pela polícia seria a ligação de Mirlei com a prática de magia negra. A polícia encontrou com ela várias contas de telefone de um pai-de-santo, suposto responsável por sacrificar animais.
Tráfico de pessoas
A polícia encontrou também, na chácara em Colombo, vários bilhetes de passagens aéreas em nome de Mirlei, do namorado dela e de garotas de programa. Os destinos seriam cidades do Nordeste, Sudoeste e Centro-Oeste do Brasil, países da Europa e, principalmente, cidades dos Estados Unidos. “Este é mais um indício de que ela agenciava brasileiras para serem prostitutas no exterior”, afirmou o delegado.
Além disso, a polícia acredita que Mirlei “vendia” mulheres e adolescentes como “escravas” para estrangeiros. Outra prova do tráfico de pessoas encontrada pelos policiais são diversos cartões postais, enviados pelas garotas de vários lugares do mundo, em que elas contam como viviam no exterior. Ao todo, o delegado e a equipe especial designada para investigar o caso têm centenas de documentos apreendidos nas residências mantidas por Mirlei para analisar. “O envolvimento dela com o crime é grande e teremos muitas novidades”, disse.
