A Polícia Federal só ouvirá os controladores e supervisores de vôo que trabalhavam no dia da queda do avião da Gol após dia 13 de novembro. Por intermédio de um advogado da Associação Brasileira dos Controladores de Vôo, o delegado Renato Sayão, responsável pelo inquérito, recebeu um atestado médico informando que os dez profissionais que seriam ouvidos estão afastados para tratamento psiquiátrico. Na próxima semana, o delegado Sayão se reunirá com o juiz federal de Sinop (MT), Charles Frazão de Moraes, para requisitar a prorrogação do inquérito por mais 30 dias. O prazo vence dia 5.
O atestado, conforme informou a PF, é assinado por um psiquiatra da Força Aérea Brasileira e fornecido pelo Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfico Aéreo). Ainda segundo a PF, a Aeronáutica informou que o afastamento para tratamento seria uma praxe após acidentes aéreos. Diante da impossibilidade de cumprir um de seus principais objetivos em Brasília – colher o depoimento dos controladores – o delegado decidiu retornar a Cuiabá para providenciar a prorrogação do prazo da investigação que apura as causas e as responsabilidades pela queda do avião. O vôo 1907 da Gol caiu no dia 29 de setembro, matando 154 pessoas.
Documentos
Sayão está em Brasília há vinte dias com o objetivo de ouvir os controladores e colher laudos das caixas-pretas e depoimentos dos pilotos em poder da Aeronáutica, que também apura as causas do acidente. Pôs as mãos em apenas uma parte dos documentos que desejava e conseguiu ouvir apenas dois técnicos da Embraer.
O delegado chegou a ir ao ministro da Defesa, Waldir Pires, para tentar obter as informações, mas os documentos não chegaram. O Comando da Aeronáutica alega sigilo militar. No início da última semana, Sayão chegou a recorrer à Justiça Federal do MT para quebrar o sigilo imposto pela Aeronáutica. A questão foi remetida ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).