Polícia e brutalidade

Mal terminaram os Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, a cidade voltou a sofrer as conseqüências crônicas da inexistência de uma política de segurança pública estribada num conjunto de instrumentos, que englobam o pagamento de salários dignos, reciclagem constante dos agentes policiais, armamentos modernos e, acima de tudo, inteligência.

Nos últimos dias o tema voltou a freqüentar as páginas da imprensa internacional, alarmada com o novo banho de sangue, também chamado de ?guerra das favelas?, provocado pelo confronto entre traficantes de drogas e milícias organizadas por ex-policiais que agem à sombra do aparato legal, sob o argumento de oferecer proteção aos moradores dos morros contra os traficantes.

Todos sabem que as tais milícias recebem dinheiro das comunidades pelo trabalho sujo de eliminar traficantes, contribuindo grandemente para agudizar o estado caótico da segurança na referida cidade.

Segundo o diário espanhol El País, na edição de ontem, ?a paz que a cidade do Rio de Janeiro viveu durante os Jogos Pan-Americanos foi uma espécie de miragem?. Uma das nove pessoas mortas no primeiro confronto entre marginais e milicianos foi um estudante de 22 anos, levando populares a protestar com o fechamento da estrada Grajaú-Jacarepaguá.

O mesmo assunto foi tema de reportagem da revista britânica The Economist, na edição publicada na quinta-feira, segundo o boletim eletrônico da BBC. Diz a revista que ?a polícia estadual do Rio de Janeiro é pelo menos metade do problema da violência que atinge as favelas da capital?.

A análise prossegue afirmando que ?além de incompetente, a polícia do Rio está entre as mais brutais do mundo?, com base no aumento de 250%, em relação a 2002, no número de mortes causadas por policiais em todo o estado.

A revista destacou também que o clima de paz durante o evento esportivo, garantido por 10 mil policiais civis e militares e homens da Força Nacional de Segurança (FNS), em poucas horas deu lugar à violência típica gerada pela disputa por pontos de tráfico, a atuação de homens armados ao arrepio da lei e uma polícia despreparada e corrupta.

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