Uma quadrilha especializada em desvio de remédio de hospitais públicos e privados e em roubo de cargas de laboratórios e distribuidoras de medicamentos começou a ser desbaratada pela polícia do Rio. Dois suspeitos foram presos em flagrante, na quinta-feira, com cerca de mil frascos de remédios desviados de um hospital particular na zona oeste da cidade. Outros dez integrantes do bando foram identificados e devem ser presos nos próximos dias.
De acordo com o delegado Eduardo Freitas, que investiga os criminosos há dois meses, a quadrilha tem ramificações em São Paulo e Minas Gerais: remédios roubados naqueles Estados são vendidos no Rio e vice-versa. "Essa é uma modalidade de crime terrível. Eles desviam de hospitais públicos, que muitas vezes enfrentam problemas de desabastecimento, como também fomentam a violência nas estradas. Muitos motoristas de caminhões foram mortos para que esses criminosos pudessem repassar os medicamentos por preços 40, 60, até 70% mais baixos", afirmou Freitas.
O delegado, titular da 22.ª Delegacia Policial (Penha, zona norte do Rio), começou a investigar esse tipo de crime depois que foram registrados 15 casos de roubo de cargas de remédio na Avenida Brasil, em menos de um ano. Descobriu que a quadrilha tem várias frentes de ação. Nos hospitais, funcionários do estoque cooptados pelo bando dão baixa nos medicamentos, como se tivessem sido ministrados aos pacientes, mas desviam os frascos. Parte do bando é especializada em roubo das cargas.
Outros, são responsáveis pela receptação tanto dos remédios desviados quanto dos roubados e repassam os produtos para distribuidores pequenos. Estes, por sua vez, revendem os medicamentos para farmácias e hospitais a preços até 70% menores do que os cobrados pelos laboratórios. "Esse esquema tem acontecido há muito tempo e dá prejuízo enorme aos laboratórios e grandes distribuidoras", comentou Freitas.
Cláudio Máximo Soares, de 53 anos, e Fábio José Barbosa Mattos, de 29 anos, foram presos em flagrante no estacionamento de um shopping, na zona norte do Rio, por volta das 13h de quinta-feira. Soares, acusado de ser um dos receptadores da quadrilha, foi seguido entre sua casa, em Jacarepaguá, na zona oeste, e um supermercado. De lá, seguiu para o NorteShopping, onde encontrou Mattos, dono da distribuidora Faldmed, com sede em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.