Polícia do Exército detém ato de mulheres de militares

A Polícia do Exército (PE) conteve hoje, em Brasília, uma manifestação de
mulheres de militares, durante a cerimônia do Dia do Exército, na qual
participou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O protesto, que era para ser
silencioso, com a abertura de faixas em frente do palanque de autoridades,
tornou-se barulhento com a intervenção de cerca de 70 policiais, que formaram
uma barreira a cerca de 400 metros do local e impediram que o grupo de 20
mulheres se aproximasse de Lula.

No fim da solenidade, a presidente da
União de Esposas de Militares das Forças Armadas (Unemfa), Ivone Luzardo, furou
o bloqueio e ficou na frente do carro da segurança que o acompanha agarrando-se
no espelho retrovisor, mas não conseguiu falar com ele, que saiu em outro
automóvel.

Mesmo de longe, as mulheres chamaram a atenção. "Isso é
ditadura da violência, a ditadura da fome. Nós queremos falar com Lula. Ele tem
de nos ouvir", gritava a vice-presidente da Associação das Esposas de Militares
das Forças Armadas (Anemfa), Maria Pavanesco, ao ser agarrada por policiais
militares, quando forçava a passagem pela barreira. Maria Pavanesco passou mal e
foi atendida por um médico militar, mas se recusou a deixar o local. "Vocês não
vão me levar. É melhor me dar um tiro aqui mesmo", bradava.

Varias faixas
pediam o cumprimento da promessa de um reajuste para a categoria. "Morrer, se
preciso for! Ser humilhado, jamais!", dizia uma das faixas. As entidades de
mulheres de militares cobram o aumento de 25% nos salários dos militares,
prometido para o primeiro trimestre deste ano, depois da elevação 10% concedida
em setembro.

As mulheres vestiam camisetas pretas, com os dizeres "Nada
mais temos a perder". A partir do dia 26, elas planejam acampar em frente ao
Ministério da Defesa até que o acréscimo seja dado. Uma manifestante mostrou o
contracheque de março do marido, primeiro sargento do Exército. O documento
mostra uma remuneração bruta de R$ 2.940,00, mas, com os descontos, o valor
líquido é de R$ 1.540,00.

Hoje, a situação foi contornada com a presença
do comandante Militar do Planalto, general Marius Teixeira Neto. Teixeira Neto
tentou acalmar as manifestantes, propondo intermediar um contato com
Lula.

"Queremos o melhor para o Brasil. Temos de acreditar que o governo
está tentando fazer o que é melhor para o País; não podemos pensar diferente,
senão fica complicado para todos", disse.

Na conversa, ele confirmou que,
desde que assumiu o comando, em janeiro, houve um suicídio e uma tentativa de
homicídio, cujo militar está hospitalizado. Negou, no entanto, que a tentativa
de suicídio tenha sido por questão de dívida, como afirmaram as mulheres de
militares, e que, no caso em que houve morte, um inquérito policial-militar
(IPM) ainda apura os motivos do ato.

Teixeira Neto também concordou que
há demora na concessão da melhoria salarial. "Nossos chefes estão preocupados.
Eles estão tentando resolver o problema. Acredito que o governo deva ter suas
razões para não ter atendido suas reivindicações (das mulheres dos militares)
até o momento", disse.

Um pouco mais tarde, no fim da solenidade, o
comandante militar do Planalto foi, novamente, até o local onde estava o grupo
de manifestantes, acompanhado do assessor Júlio Cézar Bersot Gonçalves, que
prometeu entregar a carta que as mulheres queriam dar ao presidente e tentar uma
reunião com o ele.

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