Na casa de Fábio Júnior Gomes, 23 anos, – preso na semana passada às vésperas de invadir a Penitenciária 2 de Franco da Rocha (Grande São Paulo) com um arsenal de guerra – os policiais localizaram o mapa do presídio, um estatuto da organização criminosa assinado por três chefões do segundo escalão, uma dezena de extratos bancários e canhotos de passagens aéreas. Eram as provas que faltavam para ligar o bando à facção criminosa e a identificar mais quatro alvos do resgate.
O mapa minucioso indicando quais funcionários deveriam ser dominados e em que locais, além do tempo máximo que deveria durar a ação do resgate, revela o grau de organização da quadrilha. “Quando receber o salve (telefonema) para subir, tem de estar próximo à cancela para chegar ao local, no máximo, em três minutos”, e “manter a calma, mesmo se o alarme soar”, são algumas das determinações constantes no verso do mapa, rico em detalhes.
Uma única página preenchida da agenda achada no quarto do rapaz revelou que, além do seqüestrador Jorge de Souza, o Carioca, o bando pretendia libertar também os assaltantes Airton Ferreira da Silva, o Tico Preto, Anderson Correia, o Mosca, Márcio Rogério Gomes e Matheus Andrade dos Santos, este último com 34 anos de pena para cumprir por roubo e receptação.
Os cinco detentos que seriam resgatados serão levados para o Deic e autuados em flagrante por formação de quadrilha e porte ilegal de armas. Depois, serão transferidos para celas especiais num dos presídios de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Os papéis também mostram que a casa na Favela de Francisco Morato, onde Fábio Gomes e mais nove comparsas foram presos na semana passada, foi alugada de dentro da prisão apenas para sediar as reuniões de planejamento do resgate. “Vou passar o endereço do local em que todos deverão se encontrar na terça-feira”, diz o bilhete. Os demais objetos apreendidos revelam o poder de articulação que a facção ainda tem nas ruas. Os extratos bancários mostram grande movimentação de dinheiro – entre R$ 2 mil e R$ 3 mil semanais – em cada conta. Todos os depósitos estão em nomes de laranjas.
O delegado Ruy Ferraz Fontes não tem dúvidas de que Fábio Gomes é um dos pilotos da facção que estava em liberdade. A cópia do estatuto apreendida na casa dele mostra que sua ascensão foi rápida. O documento diz que ele foi rebatizado em 7 de dezembro de 2003, sete meses atrás. Dois pares de canhotos de passagens aéreas para Rio de Janeiro e Florianópolis indicam que o acusado tinha hábitos sofisticados.
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