A Polícia Civil do Rio desconhece qualquer plano de quadrilhas rivais para assassinar o traficante Fernandinho Beira-Mar na cadeia. Ele foi transferido na noite de ontem (7) da sede da Polícia Federal de Brasília para a superintendência de Santa Catarina, em Florianópolis, numa operação sigilosa, diante de um suposto plano de rivais para seqüestrá-lo e matá-lo.
O delegado Rodrigo Oliveira, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil do Rio, não acredita que rivais de Beira-Mar na capital fluminense estivessem planejando matá-lo em Brasília. O traficante é um dos líderes do Comando Vermelho e tem como rivais no Rio duas facções criminosas: Terceiro Comando (TC) e Amigos dos Amigos (ADA).
"Não tenho conhecimento de que quadrilhas do Rio estariam se organizando para matar Beira-Mar em Brasília e posso garantir que a polícia do Rio também não. Acho muito pouco provável que esses grupos rivais tenham estrutura para isso. Para ir a Brasília, eles teriam que ter uma base, um suporte que não têm. Se fosse São Paulo seria mais fácil", disse o delegado.
Policiais civis do Rio que estiveram recentemente com policias federais contaram que a PF de Santa Catarina já estava se preparando há dias para receber Beira-Mar. O motivo da transferência estaria nas restrições que a presença do traficante estava provocando em relação aos outros presos em Brasília por causa da segurança reforçada e as constantes ameaças.
Marina Magessi, inspetora da Polícia Civil do Rio ligada à área de inteligência, também disse que suas investigações não identificaram qualquer plano para matar Beira-Mar, mas não afasta totalmente a hipótese. "A PF tem feito um trabalho constante no Rio e pode ter informações que não temos. Não aparece nada em minhas investigações, mas não podemos duvidar. A ADA é hoje a facção que mais cresce, ficando até mais forte que a do Beira-Mar, o Comando Vermelho", analisou a inspetora, lembrando que o traficante não tem inimigos somente no Rio.
"Beira-Mar é um traficante internacional. Ele matou toda a família Morel, que dominava o tráfico no Paraguai. Tem inimigos em toda a rede internacional. Podem ser essas as ameaças identificadas pela PF".
Para Oliveira, a transferência periódica de Beira-Mar, que está preso desde 2001, é positiva e pode evitar que ele corrompa agentes. "Acho que é bom que haja um rodízio, assim ele não consegue estabelecer vínculos em lugar nenhum".