Dois guardas municipais de Curitiba foram detidos pela Polícia Civil em Piraquara, na região metropolitana da capital, na tarde desta quarta-feira (21) por usurpação da função pública. Segundo o boletim de ocorrência, ambos afirmaram estar no local realizando uma investigação a mando dos superiores para apurar a suspeita de que objetos desviados da Secretaria da Cultura de Curitiba estariam em uma chácara da região. O imóvel em questão pertence ao candidato Rafael Greca (PMN), contra quem a administração municipal abriu uma sindicância para apurar o desaparecimento de ao menos três móveis do Museu Casa Klemtz.
Nesta quarta, a gestão Gustavo Fruet (PDT) disse ao jornal Folha de S.Paulo que pretendia entrar na Justiça para recuperar dois lavatórios e uma cristaleira que seriam do acervo da Casa Klemtz − comprada pelo município na época da administração de Greca, em 1995, e transformada em patrimônio público −, na Fazendinha. Segundo um relatório da Fundação Cultural de Curitiba, de 2013, 12 dos 29 itens do acervo do museu estariam desparecidos.
A instituição suspeita que parte desses itens estariam na Chácara São Rafael, pertencente a Greca, com base em fotos publicadas pelo próprio candidato nas redes sociais. De acordo com o museu, pelo menos três móveis coincidiriam, em descrição e imagens, com os objetos desaparecidos. Ao jornal, a fundação afirmou que “há indícios fortíssimos” de que sejam as mesmas peças − dois lavatórios e uma cristaleira.
Aos policiais civis que os abordaram por volta das 13 horas desta quarta, os dois guardas municipais afirmaram que estavam no local justamente para apurar se esses móveis estavam na chácara de Greca. Com eles, a polícia apreendeu dois revólveres calibre 38 com marca da prefeitura da capital, um colete balístico da guarda municipal, uma máquina fotográfica e dois veículos alugados.
Posicionamentos
Procurada, a campanha de Fruet afirmou que o adversário “tenta criar um subterfúgio para desviar o foco das graves denúncias trazidas pela Folha de S. Paulo”. “Se Greca garante que as obras de arte que se encontram em sua chácara não são as desaparecidas do acervo da prefeitura, a coligação Curitiba Segue em Frente sugere que ele abra os portões de sua propriedade para uma perícia técnica”, diz a nota. A administração municipal, por sua vez, informou que não vai se manifestar no momento em razão de os guardas detidos não estarem em horário de serviço e nem com veículo oficial.
Já o advogado Walber Agra, da campanha de Greca, classificou o fato como grave e deprimente. Segundo ele, os guardas estariam próximo à chácara desde domingo (18) e foram abordados após populares avisarem a polícia. Agra disse ainda que a alegação de que Greca teria se apropriado de bens da Fundação Cultural de Curitiba é falsa e pueril, na medida em que um dos objetos estaria no Salão Brasil da prefeitura da capital.
“Vejam o descalabro, o baixo nível a que chegou a campanha. Trata-se da utilização da máquina pública para constranger o candidato (Greca), numa afronta ao Estado Democrático de Direito. É uma coação descabida e desmedida, a volta da política dos coronéis”, atacou. De acordo com Agra, a campanha do candidato do PMN irá à Justiça contra Fruet por abuso de poder político.
A reportagem também tentou localizar os advogados dos dois guardas municipais, mas não teve sucesso.