PMs podem ser punidos por livro que narra questões internas do Bope

O capital da Polícia Militar, André Batista, um dos autores do livro "Elite da Tropa", deve entregar amanhã (2) ao comando da corporação o questionário em que explica porque expôs, na obra, questões internas do Batalhão de Operações Especiais (Bope). De posse do documento, o comandante da PM, coronel Hudson Aguiar, decidirá se e como ele será punido. Segundo o capital reformado da PM Rodrigo Pimentel, co-autor do livro, a decisão cabe apenas ao comandante. "Pelo regulamento, Batista tem que ser punido, pois quem está na ativa não pode fazer comentários sobre o que ocorre dentro da corporação", adiantou. "Mas ele é muito querido da tropa e dos oficiais, que já manifestaram solidariedade e pode ser que, por isso, a punição não aconteça."

"Elite da Tropa" foi escrito a seis mãos pelos dois PMs e pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares, que foi coordenador de Segurança no Estado do Rio de Janeiro, no início do governo de Anthony Garotinho (entre 1999 e 2000). Mistura ficção e realidade e se baseia na mesma pesquisa que Pimentel faz para um filme de ficção sobre o Bope que o diretor José Padilha, do documentário 174, pretende rodar, já com parte do orçamento garantido pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Não é coincidência, pois Batista foi o negociador no seqüestro do ônibus, ocorrido em 2000, quando morreu uma das vítimas e o seqüestrador. "Foi ele quem imobilizou o seqüestrador e, por sua coragem, é muito querido na PM", lembrou Pimentel.

O livro só chega às lojas na quinta-feira (4) e terá lançamento no Rio de Janeiro e São Paulo na segunda quinzena deste mês. Até lá, já deverá estar decidida a punição (ou não) do capitão Batista. Ele não pode falar devido ao regulamento da PM, mas Pimentel, já reformado, explica que a norma "é draconiana, data da ditadura militar e se assemelha à das Forças Armadas." Soares, o outro autor do livro, ressalta que o rigor da disciplina interna não tem correspondente no procedimento externo da tropa. "Denúncias de violência, corrupção e mesmo morte não são punidos da mesma forma", disse Soares. Não há um prazo para o comandante da PM decidir sobre a punição, mas o capitão Batista já está com a assistência do advogado Técio Lins e Silva.

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