PMs acusados de segurança armada são retidos por sem-terra no PR

Dois policiais militares – um da ativa no Corpo de Bombeiros e outro aposentado – foram mantidos em cárcere privado desde a noite de segunda-feira até a manhã de terça em um acampamento de sem-terra ligados à Organização Agrária Camponesa (OAC), em Jundiaí do Sul, a cerca de 400 quilômetros de Curitiba, no norte do Paraná. Os dois estariam fazendo segurança armada da fazenda Ana Fraga e, segundo os sem-terra, ameaçando o grupo. A delegacia de Ribeirão do Pinhal e a Polícia Militar apuram o caso.

Segundo o delegado Getúlio de Morais Vargas, cerca de 200 sem-terra estão em um acampamento às margens da rodovia PR-218 desde o dia 25 de março. No dia anterior eles haviam invadido a fazenda, com a intenção de apressar um possível processo de desapropriação, mas uma liminar de reintegração de posse os obrigou a deixar a área. No começo de abril os sem-terra reclamaram à imprensa que vinham sendo intimidados pelos seguranças, afirmando que entre eles havia policiais militares, mas não chegaram a fazer notificação na delegacia.

Na madrugada do domingo (10) um dos 40 barracos foi incendiado. Não houve vítimas. Por isso, cerca de 50 sem-terra decidiram entrar na propriedade na segunda-feira, por volta das 23 horas, com a intenção de enfrentar os seguranças. O soldado do Corpo de Bombeiros Marcos Antônio Coelho de Oliveira, de 42 anos, e o cabo aposentado da Polícia Militar José Sérgio Calderon, de 52 anos, não ofereceram resistência e foram levados ao acampamento, onde permaneceram amarrados por algum tempo.

Com eles foram encontrados dois revólveres calibre 38 e munição. De acordo com o delegado, as armas são da Polícia Militar. "Quero saber se houve porte ilegal naquela circunstância", disse o delegado.

Negam ameaças

Na manhã de terça-feira, os sem-terra exigiram a presença de um oficial da PM. Quando o comandante da região chegou lhe entregaram os revólveres. Os dois homens foram levados à delegacia, onde confirmaram trabalhar na segurança da fazenda, embora negassem ter ameaçado os sem-terra. O delegado Morais Vargas disse que pretende ouvir o máximo possível de sem-terra antes de decidir quem será indiciado.

O policial da ativa foi recolhido ao Corpo de Bombeiros. De acordo com o chefe da Comunicação Social da PM, tenente-coronel Mauro Pirolo, os fatos estão sendo apurados e o relatório será encaminhado ao comando do Corpo de Bombeiros. Oliveira pode ser punido criminal ou administrativamente.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo